ESTÁTICA E MOVIMENTO

12 de janeiro de 2006

Os Bons, Os Maus, e Os Vilões

Sentado estava, sentindo o calor que emanava da lareira, olhando através da janela flocos brancos pairando no ar. Era neve.

Recordava eu a minha adolescência:

Via filmes de cowboys (era moda na época),

As ferias grandes (eram mesmo grandes, a idade permitia pensar isso)

O calor abrasador – estações verdadeiras então.

Ah... o pai natal, ou o menino Jesus, e as prendas que chegavam pela chaminé, (um problema grave para mim era como chegariam as mesmas aos meus primos de Lisboa que não tinham chaminé)! Seguem-se os tempos...

Páscoa e o folar dos padrinhos. Recordo o grande Porsche que me foi oferecido pelo meu padrinho (afinal era de plástico) e a telefonia (na época dizia-se assim) dada pela madrinha. Ainda a tenho, e é verdadeira.

Oh, e os amigos de verdade, amigos a sério que nessa altura existiam. Rogas deles escarpas acima, abaixo.

Beira rio. Na verdade ribeiras, quase secas em pleno Verão davam para molhar os pés e pouco mais. E as mães aflitas, “não voltes a fazer isso que apanhas cá uma constipação” (as gripes... de hoje).

No dia seguinte e seguintes, o rio ou a ribeira esperava-nos.

Invernos chuvosos e gelados, com os rios e ribeiras a transbordar das margens, estragando as colheitas de quem vivia daquilo. È verdade meus jovens, agricultura era na altura.

Frequentemente havia neve. Era a beleza da natureza,

O que eu gostava de fazer bonecos e ao mesmo tempo temia por enegrecer a alva.

Outros tempos, outras vidas pois então de amigos e amizades, de verdade.

Verdade, já todos dizem não é só uma, o que hoje é verdade, amanhã sê-lo-á ou não.

Vivemos recordando, vai daí recordo filme O Bom O Mau e O Vilão.

Transporto o título para os dias de hoje. Hoje não, de há uns meses atrás até aos dias de hoje e futuros.

Os vilões, lá se mantêm (após manifestações de compadrio, e, pela tangente lá ficaram, violando todas as regras de democraticidade, “que palavra tão esquisita, aqui o que vale são esporas e rapidez de a sacar do colt” utilizando números que inocentemente foram deixados, prometendo aquilo que conscientemente sabem que nunca farão. Alguns mandam e os outros obedecem e o futuro como será, se agora no meio destes Vilões, já não existem nem Maus, nem Bons)?

Os Maus (na versão dos Vilões) já lá não estão, agora podemos trabalhar sem ninguém incomodar. Trabalhar, dizem os tais Maus na versão dos Vilões, isso Vocês não sabem, esperemos pelo futuro. Vá lá chegou a encomenda em Janeiro despachada em Setembro. Terá sido pelas atribulações da diligência ou por os caminhos estarem tortuosos.


Saltou uma roda da diligencia...uma! todas! Talvez!

Mas os tais Maus, na versão dos Vilões, são os únicos que à luz de todos, transparentes e sem subterfúgios, se apresentaram límpidos, quais pés lavados na água dos rios, e porque não utilizaram os números telefónicos do Oeste, cá se mantêm, esperando pelo duelo, sabendo que só são Maus na versão dos Vilões.

Depois há os Bons, e os bons são aqueles que acreditam que no Oeste ainda existem alguns saloons, bons pistoleiros e óptimos xerifes. Puro engano meus Bons, os tempos hoje são outros.

Apenas existem alguns cobres, extraídos de um comboio, para num ou noutro saloon, os vilões se encherem de “enchidos” e uma ou outra vez apanharem a diligência e visitar um hipotético xerife amigo, se é que ele existe, e ainda publicarem um WANTED ideias para justificar o restante, quando o deveriam distribuir pelos condados.

A. Boleto Fonseca
(não, não mudo o nome). Sou eu....