ESTÁTICA E MOVIMENTO

2 de junho de 2007

LONGOS DIAS TÊM UM ÚNICO MANDATO

Quinze meses podem ser uma eternidade… Ou muito pouco tempo.

A percepção de tempo é própria de cada um de nós. Medindo o tempo à luz de uma velha e vulgar teoria popular que nos diz que poderemos olhar para uma garrafa contendo um qualquer liquido pela metade como estando meio vazia ou meio cheia, facilmente poderemos perceber que para alguns o significado destes últimos meses de CONFAP foi certamente diferente do que outros tantos entenderam dele.

Longos dias têm certamente um único mandato… Especialmente este mandato dos Órgãos Sociais da CONFAP, não só pelo período extra a que estão obrigados a exercer funções, mas também por toda a desinformação – ou mesmo a total ausência desta – que tem ajudado a manter confuso quem acompanhou ou tentou acompanhar a actividade do Conselho Executivo da CONFAP. E tudo motivado por um desejo incontrolado e incontrolável - e também inexplicável – em permanecer nos Órgãos Sociais da CONFAP.

De todos os relatos que se foram escrevendo (ou passando de boca em boca qual aldeia comunitária que parece que somos), alguns foram mais consistentes que outros. Uns mais esclarecidos ou mais reveladores. Outros foram exemplares exercícios de desinformação ao serviço de quem os escreveu ou subscreveu. E, tal como no caso da garrafa meio cheia ou meio vazia, cada um atribui a si próprio a razão, definindo o que os outros dizem como calúnia ou falsidade. Mas muitas perguntas ficaram por fazer. E destas, muitas ficarão sem qualquer resposta…

Inegável é o facto da situação actual da CONFAP ter alguns protagonistas, nem sempre os mais visíveis ou mais mediáticos, mas certamente os que há mais tempo estão em qualquer um dos lugares dos Órgãos Sociais e, em consequência disso mesmo, mais poder detêm junto de algumas das estruturas e serviços da CONFAP. A maioria destes protagonistas integra a actualmente denominada “maioria” do Conselho Executivo. Não tenho nenhumas dúvidas em relação a nenhuma destas duas situações: são eles de facto os protagonistas e são também a maioria no Conselho Executivo. A estes protagonistas falta acrescentar o Presidente da Mesa da Assembleia Geral e o Presidente do Conselho de Jurisdição e Disciplina.

Qualquer um destes elementos transitara do mandato anterior. Constitui uma maioria clara que conhece “por dentro” o funcionamento da CONFAP e pensavam conhecer as motivações uns dos outros - “servir o Movimento Associativo de Pais… a qualquer custo…”!

Esta maioria de cinco elementos do CE funcionou três meses…

Funcionou até ao momento em que o Tesoureiro iniciou algo semelhante a uma cruzada: em defesa do “bem” (dele) atacou o mal (a Presidente e todos os outros quando não concordavam com ele)! É visível para todos que esta “cruzada” ainda não terminou. E se as razões aparentadas pelo Tesoureiro poderiam até ser válidas, o decorrer do tempo demonstrou que nada fez para demonstrar a validade da sua posição. Não trabalhou mais que os outros para as Associações de Pais, não ajudou a resolver mais rapidamente o financiamento das Federações, não ajudou nem propôs nada para melhorar o funcionamento da CONFAP… Não executou nem propôs qualquer medida que reduzisse custos ou rentabilizasse meios ao dispor da CONFAP, nomeadamente nas comunicações ou na gestão de bens e equipamentos. Apesar de toda esta inoperância e desde o início dessa cruzada até este momento pediu a demissão por quatro vezes!

Com o início da “cruzada” perdeu-se o primeiro elemento da “maioria”: a Presidente!

O passo seguinte que determinou o destino desta maioria foi o “desaparecimento” do Secretário. Apresentando, não publicamente mas apenas à Presidente e à Vice-Presidente, razões de carácter profissional para o seu afastamento, razões certamente muito válidas, não deixa contudo de ser lamentável que tenha deixado o restante Conselho Executivo e a CONFAP sem saber o porquê de tão misterioso desaparecimento.

A desaparecer não transmitiu nenhuma informação sobre os assuntos e dossiers que estariam em sua posse. Deixou inclusivamente “pendente” uma Acta do CE que apenas foi aprovada em Janeiro por não ter transmitido a ninguém qualquer documento que permitisse ao Conselho Executivo elaborar a referida Acta. Para além de todos os elementos do CE, deixou também os serviços administrativos sem rumo e sem norte.

Perdia-se assim, embora temporariamente, o segundo elemento da “maioria”!

Temporariamente porque a “maioria” necessitou de apoio extra, quando decidiu não debater uma candidatura aos Órgãos Sociais para o mandato de 2007, que seria encabeçada por um elemento do Conselho Executivo… Do Conselho Executivo mas não da “maioria”, claro!

Decorria Janeiro de 2007 e era necessário garantindo os votos para inviabilizar qualquer candidatura. Foi pois imperioso o regresso do Secretário, prevenindo eventuais faltas de um qualquer outro elemento da “sua” maioria.

Foi possível este regresso. Mas não foi moral nem eticamente correcto. Poderão sim perguntar: quem disse que ética e moral são para aqui chamados?

Menos interventivos, mas muito importantes no quadro da maioria estabelecida estão o 1.º e o 2.º Vogal. E se algumas ausências nas reuniões, que ambos tiveram, foram justificadas, outras serão plenamente criticáveis pelo distanciamento que transmitiram aos restantes elementos do CE. Propostas e ideias sobre políticas educativas não as apresentaram. Se momento houve em que demonstraram o seu empenhamento foi quando o assunto em debate dizia claramente respeito às “Federações regionais” que representavam: a escolha do local para a realização do Encontro Nacional, a falta de documentos na lista candidata aos Órgãos Sociais para 2007, que as suas Regionais integravam, documentos de Associações de Pais que estes entendiam dever estar subjugadas à “sua” Federação Regional, bem como todo e qualquer assuntos que se relacionasse directamente com as suas Federações.

Demonstraram também o seu emprenho a não deixar que se reflectisse sobre as medidas do Ministério da Educação, nem sobre a qualidade do trabalho dos Professores. Pare eles o que a Sr.a Ministra fez, fez bem… Tudo o que as Sr.as e os Sr.s Professores fizeram ou fazem, fazem mal… Nestas opiniões foram inequivocamente apoiados pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral!

Não faria justiça se não dissesse que existiu, da parte do 1.º Vogal, um esboço de proposta para plano de actividades para o Plano Nacional de Leitura e uma posição “insuficiente sustentada” quanto ao método de financiamento do Movimento…

Mas, tudo seria pacifico se o 1.º vogal não tivesse, por duas vezes, manifestado a tentação de anunciar a sua demissão e, na última delas, não resistisse à tentação de se readmitir por e-mail… E readmitiu-se porque as eleições para os Órgãos Sociais da CONFAP tinham sido anuladas e, tal como afirmou, a “legalidade” tinha sido reposta!!!

Tudo seria tão pacífico e sereno como se estes dois elementos da maioria fossem associados de um qualquer clube gastronómico que cultivasse o gosto pela sopa “morna”, temperando-a sempre que a temperatura fosse elevada, com um adequado cubo de gelo, não queimando assim a língua.

Os suplentes cumpriram até Dezembro… A partir desse momento o 1.º Suplente entendeu que o caminho era o da provocação e maledicência. Inúmeros são as mensagens de correio electrónico distribuídos onde se diz tudo o que não se devia dizer do Movimento Associativo de Pais, mas sempre invocando esse Movimento e, mais grave ainda, invocando Mães e Pais que certamente não conhecem a pessoa em causa nem aquilo que é capaz de escrever.

Resta-me falar da Presidente e da Vice-Presidente… porque de mim falarão outros!

A Presidente tentou ao longo do mandato transmitir uma imagem diferente da que tinha marcado os últimos mandatos na CONFAP. Tentou ainda que o protagonismo fosse assumido por outros. Refiro-me, claro, à Vice-Presidente. Acreditou que a sua Vice aceitaria dirigir a CONFAP no próximo mandato, deixando-lhe, sempre, margem para gerir grande parte da agenda do Conselho Executivo.

Dezembro marcou a desilusão completa para a Presidente. Não correspondeu a Vice-Presidente na hora em que teria de avançar para uma candidatura. Falhou na decisão! Medo? Insegurança? Ou existiram acordos que viabilizariam outros cominhos?

Para completar o falhanço, a Vice-Presidente entendeu apoiar um candidato exterior ao CE. Falou de honra e orgulho pessoal para impedir qualquer outra candidatura que saísse deste mesmo CE… Na sua opinião seria a candidatura dela a ser considerada (mesmo que ela não queira avançar) ou não seria nenhuma! Percebeu-se, definitivamente, o seu apoio, incondicional, a um candidato exterior ao Conselho Executivo.

E abriu, definitivamente, as portas do problema que enfrentamos.

À Presidente não restava mais do que assumir a Presidência, chamando a si o estatutariamente definido e a responsabilidade de ser a n.º 1 de uma Lista que tinha sido eleita em Braga a 5 de Março de 2006.

E o que aconteceu a seguir?

A partir de 16 de Dezembro foi claro dentro do CE – e fora deste - que haveria duas listas candidatas aos Órgãos Sociais da CONFAP…

A partir de Janeiro cada um já tinha aceite, ou não, integrar uma das duas listas…

Então porque não aconteceu o que mais lógico seria acontecer? Uma Assembleia Geral Eleitoral com duas listas?

Não aconteceu porque a então denominada Lista B falhou ao não completar, de acordo com os Estatutos da CONFAP, a documentação que permitiria que a Lista fosse candidata aos Órgãos Sociais da CONFAP!

Não aconteceu porque, em nome da maioria das Associações de Pais, em nome de muitos Pais, Mães, Encarregados e Encarregadas de Educação, dos filhos e das crianças deste Portugal, a então denominada Lista B entendeu proceder levianamente no processo de candidatura que teria de apresentar a uma Comissão Eleitoral, não apresentando a totalidade dos documentos conforme estipulam os Estatutos e, depois de se ver excluída do acto eleitoral, entendeu levar por diante uma campanha que resultou na anulação das Assembleias Geral Ordinária e Eleitoral pelo Sr. Presidente da Mesa da Assembleia Geral.

A isto ajudou a maioria de cinco elementos…

E porque a Presidente não apoiou insubordinações nem actos irregulares fosse de quem fosse, entendeu a “maioria” que o seu afastamento seria inevitável…

Assisti nos meses de Janeiro a Maio a um completo e total assalto ao poder. Uma intriga palaciana digna do melhor romance que o melhor escritor pudesse escrever… Ou talvez se pretendesse imitar a “Emboscada” de 6 de Outubro de 1846, agora sem uma Rainha, mas com uma Vice-Presidente no comando das operações, e que levou uma guerra civil! Será que, salvaguardando as devidas proporções, se pretende que a história se repita?

Terei certamente oportunidade de abordar alguns aspectos pitorescos destes meses de CONFAP…

Afinal longos são os dias de um mandato… Em especial daqueles que já deveriam ter terminado, em bem.

Paulo Gomes da Costa
2007.06.01