ESTÁTICA E MOVIMENTO

13 de outubro de 2008


TEORIA DO CAOS OU O EFEITO BORBOLETA

Por tudo o que se assiste neste início de ano lectivo, a campanha eleitoral já começou...

A Educação é umas das lanças do governo ainda em exercício e as acções de campanha não param. O ano lectivo de 2008-2009 ainda não sentiu o verdadeiro peso das medidas que foram tomadas nos últimos 12 meses e já o governo se serve dele para atingir objectivo eleitorais que só o próximo ano lectivo verá!

Perante tamanhas campanhas e semelhantes gastos – que bom seria que o dinheiro destas campanhas tivesse sido investido em melhores escolas – o pensamento foge-me para a Teoria do Caos, ou por outras palavras mais conhecidas, o Efeito Borboleta...

Devo dizer que conheço a teoria, mas não sou propriamente um especialista no assunto. Muito do que vão ler a seguir pode ser encontrado em diversos sites na Internet, nomeadamente na Wikipédia...

A Teoria do Caos não é mais que uma hipótese que explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Nestes sistemas alguns resultados podem ser instáveis podendo ser causados por acção e interacção de vários elementos de forma perfeitamente aleatória. Um exemplo fácil de perceber pode ser a formação de uma nuvem, que pode ser desencadeada pelo efeito do calor, do frio, da evaporação de água, das condições do vento e do tipo de superfície sobre a qual ela se forma, para além de muitos outros factores possíveis. A combinação de alguns desses factores – mesmo que em número reduzido – pode resultar numa nuvem, ou não, o que significa que o resultado pode não ser o esperado...

Uma das consequências desta instabilidade de resultados é que mesmo sistemas determinísticos (os quais tem resultados determinados por leis de evolução bem definidas) apresentam uma grande sensibilidade a perturbações (ruído) e erros, o que leva a resultados que são, na prática, imprevisíveis ou aleatórios, ocorrendo ao acaso.

Mesmo supondo que estamos em presença de sistemas em que não há ruído, erros microscópicos na determinação do estado inicial e actual do sistema podem ser amplificados pela não-linearidade ou pelo grande número de interacções entre os componentes, levando ao resultado aleatório. É o que se chama de "Caos Determinístico".

O que os matemáticos pretendem é prever aquilo que as pessoas pensam que é acaso! Ou seja: alguns acontecimentos rotulados de acaso são na realidade fenómenos que pode ser representados por equações e, portanto, previsíveis. Os cálculos envolvendo a Teoria do Caos são utilizados para descrever e entender fenómenos meteorológicos, crescimento populacional, variações nos mercados financeiros e movimentos de placas tectónicas entre outros.

Esta Teoria do Caos é muitas vezes conhecida como “o Efeito Borboleta”, teorizado pelo matemático Edward Lorenz em 1963.

Para explicar o Efeito Borboleta nada melhor que as palavras simples da cultura popular: o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. Mas o nome “Efeito Borboleta” surge depois de se analisar graficamente diversos tipos de movimentos caóticos, em que a representação gráfica dos dados assume o formato de uma borboleta (ver imagem no início do texto).

Mas levando à letra as palavras que descrevem este efeito, mesmo que um tufão seja algo muito difícil de ser gerado por um simples bater de asas de uma borboleta, não deixa de ser interessante constatar que pequenos acontecimentos podem despoletar acontecimentos com uma escala muito maior. Na verdade o Efeito Borboleta encontra espaço de aplicação em qualquer sistema natural, ou seja, em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo.

Não sei se os acontecimentos vividos na educação nos últimos anos e em particular nas últimas semanas podem ser descritas por uma ou várias equações matemáticas, de acordo com a Teoria do Caos. Sei apenas que a enorme quantidade de factores envolvidos e o ruído gerado pelo lançamento e implementação de algumas das reformas pode, muito facilmente, produzir resultados inesperados e imprevisíveis para quem as arquitectou ou implementou.

Restará saber até que ponto esses resultados afectarão no futuro o próprio sistema, os alunos, os professores e as famílias... Há quem espere que o efeito seja positivo... Mas pode ser exactamente o oposto!

Curioso é a facilidade com que se oculta esta realidade e mais curioso ainda é ver que ainda há portugueses “inocentes” que “compram” de olhos fechados teorias de prosperidade, riqueza, evolução e progresso! E nem perguntam quanto custa...

Deviam, pelo menos, questionar-se se o que está a ser feito será bom para o País e para as gerações futuras e não apenas para eles ou para os seus filhos.

Se calhar não serão eles a pagar...

P.S. Falei de Educação... Mas poderia estar a falar de Economia...

Paulo Gomes da Costa
2008.10.13

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