ESTÁTICA E MOVIMENTO

18 de agosto de 2009

A BANHOS

Com tamanha sovietização, vejam lá, que até os navios são desviados, andou o país nestes últimos tempos e ninguém deu por ela.

A verdade é que a tal sovietização, tem tudo a ver com o pós muro, murado, que de arame farpado já nada tem. E de farpado vêm as farpas que ilustremente o senhor que veste apenas roupa de uma marca, que por sinal só aqueles que de fortuna vivem podem comprar, vem dizendo que “inusitado” seria possível, vejam só a palavra, negativamente tal entendimento. O que na verdade nos querem dizer com tal adjectivo é, que quase não se usa, mas se tal for possível abre-se uma excepção. Já dizia o meu bisavô que não conheci. Isto de política não tem nada de especial é só panelinhas, e digo eu, daquelas que os latoeiros nos tempos de então quando passavam pelas terras portuguesas ali se instalavam, conforme as necessidades, e aqui necessidades significa necessário, para fabricarem as tais, assim como tachos e demais artefactos para servir os trabalhadores que de sol a sol se prestavam para as colheitas.

Nessas épocas, ainda não se fechavam as portas a sete chaves, tantos são os assaltos, era apenas com o “ferrolho”, sabem o que é? Eu digo: de ferro ou madeira com que se fechavam as portas e se abriam por uma abertura por onde as nossas mãos entravam. Eu sei, o mundo pula e avança, como diz a canção, mas esses senhores que vestem marca cara, lá defendem o indefensável, porque sendo certo que já foi moda ser de esquerda, ou intelectual como lhe queiram chamar, eu continuo na mesma choça, ou seja a ver a aumentar o desemprego, a ver as pessoas a passar fome, a ver metade ou mais da população a viver abaixo do limiar da pobreza, dito do mínimo possível de sobrevivência, e aqueles que se dizem os verdadeiros defensores de todos estes, nós, não abdicam de nenhum do seu para ajudar outros. Sabemos todos que já somos poucos os que trabalham e não chega aquilo que nos sacam por fazer riqueza aos outros para tudo, mas então pergunto, porque será que quem nos governa, e pensa que vai governar e aqueles que ainda não o conseguem mas também querem não aceitam, tal qual, os por conta de outrem há anos não vêm um aumentozinho no seu vencimento. Pois, pois vem aí a lei do robim dos bosques, tretas, balelas, vãs promessas que conhecemos.

Tá certo, temos, já diz o nosso, nosso virgula, esse, o tal que diz ainda está para vir um... qual Sebastião, que é necessário ajudar os malandros, ok ajudemos, ajudemos? E aqueles que desde miúdos começaram a trabalhar e recebem uma reforma de miséria e ninguém por eles olha.

Que me dizem?

Tudo isto a propósito da época balnear.

Tudo pra banhos.

É na... falésia, no areal, na estranja que é mais barato, vejam só, é no Portugal profundo, que é dele?, enfim, nesses lugares todos. Mas sempre fica alguém para umas diabruras, género “primeira linha” e sem esquecer o outro, assim a modos, que é muito baixo, é política rasteira ou parecida, não se lembram eles que nos andaram a papar, entre aspas, durante mil e trezentos dias, mas dizendo o contrário da realidade faminta do povo. Nós conseguimos desbaratinar o emprego a meio milhão de pessoas, só nós o conseguimos. Nós conseguimos fazer com que mil e quinhentas pme fechassem, haverá alguém capaz de tal façanha? Estava-me a lembrar daquela história “espelho meu haverá alguém mais bonito do eu”? Claro que não, então esses cabelos esbranquiçados, esse dom da palavra, mesmo sendo só mentiras, só tu e tu e mais tu e mais ninguém, conseguiria empobrecer o pais como o fizeste, mas tá bem mesmo assim estamos na cauda de Europa, tal e qual o prometido. Não, não foi isso o prometido, mas ok, aceitamos, ora essa.

Aqueles outros, que às turras andam, às turras é pouco, porque alguns não têm hipóteses de contratar latoeiros, são caros, a mão-de-obra de agora, é que isto de artesanato não é fácil, bem querem, talvez consigam, mas mudanças, mudanças, só aquelas empresas que vivem dessas mesmas... mudanças.

E onde pára o chorão? Nas feiras medievais que é o que está em voga, vai à vidente ou taróloga, que as há por lá, e pega nuns cordelinhos que diz mais ou menos isto, oh pá aguenta-te que os outros também se aguentaram.

Depois disto também vou a banhos. Será que mereço? Sei lá! Trabalhar, trabalho, mereço um pequeno descanso, um pequeno é pouco, mais do que os nossos politiqueiros, é que eu ainda sou dos poucos que desconta para a vivência deles. Há mais, claro que o meio milhão também deveria, mas era uma promessa e promessas são promessas.

Ah, esqueci o “impossível acordar de sonho tão enlevado” não é que nos queriam utilizar como mão-de-obra barata, não isso não aceitamos, nem com palavras de basófias os desculpamos. Não é o barco de coimbra é o basófias, eu sou aquele, aquele e mais nenhum.

Agora sim, vou a banhos...

Regresso lá para Novembro, já devem ter terminado todas as promessas... mas vou estar atento.

A. Boleto Fonseca
2009.08.17

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