ESTÁTICA E MOVIMENTO

14 de novembro de 2008

CONTRASTES DA VIDA REAL

Orgulhosamente autista e autoritária, estava ela sentada aos pés de sua excelência a rainha, com o cínico sorriso próprio de quem só desdenha de quem é competente.

Acompanhavam-na os seus bonecos de estimação, e brincava com livros de língua portuguesa onde com alguma dificuldade soletrava a palavra, la-men-tá-vel.

Já perspectivava o que lhe poderia acontecer em uma ou outra localidade do nosso querido desfeito por eles, país.

Destroçada de coração sentia a mão protectora da rainha em sua cabeça, lhe alisando os seus grisalhos cabelos por tão infortúnio acontecimento.

Vá lá saber-se como é possível, aprenderam com os seus próprios governantes aquando da festa do verão, onde mobilizaram pagando comes e bebes mais transporte para ao lado do povo sofredor, ao demonstrarem grandeza insofismável.

Pois é, cá se fazem cá se pagam, lá diz o velho ditado.

Ias tu, vaidosa e radiosa na tua viatura, quando fizeste o mesmo que quem te dirige. Fugiste a sete pés, mais a tua idolatrante seguidora que convoca via sms elementos responsáveis para reuniões regionais, a que muito poucos responderam.

Eram tomates, eram ovos, batatas e outros legumes que o povo cansado das tuas atitudes te queria oferecer, não de mão beijada mas mão de latada.

E pronto, não quiseste, fugiste, e, desgraçado daquele que teve de levar com tudo, mas do mal, o menos, tem de comer aí para uns anitos.

Quando acordou desta realidade não quis pensar, não leu jornais nem viu tvs, mas esteve numa. E aí foi tão ridícula que após a sua presença, alguém lhe sussurrou ao ouvido:
Antes foram 100 mil agora 120 mil. Como é possível. Vai-te e vem-te de uma vez, para gáudio do povo, já que cansados estamos de tanta asneira.

Depois, apareceram os seus correligionários, um que se diz representante de pais, com uma voz trémula sugerindo entendimento, que é como quem diz façam o que ela diz, senão têm-nos à perna, depois outro renascido das cinzas mostrando-se como o maior equilibrista do mundo. Radical. Radical só mesmo, não, não é o pequenote, mas aquele que ia fazer fortuna com um estudo para a frente ribeirinha, mas parece que o consegui com outros contratos, e diz, oiçam, oiçam, oiçam, “parecia quase a canção festivaleira do Eduardo Nascimento”, o poeta, o pensador e ou o professor.

Na resposta uns e outros só disseram, estamos, estou cansado destas e doutras e outros que desempenham funções apenas com autoritarismo, sem a menor sensibilidade para as realidades reais.

A mim, que sou apenas um, de muitos descontentes, fico indignado com estas trapalhadas, assuntos que têm a ver com disputas de classes reivindicando aquilo com que se acham de direito, é assunto que deve ser tratado entre ambos, e aí, se perde a dita com a desdita indiferença ao que na realidade não existe na educação deste país.

Aproveitando, estes desavindos, continua a brincar aos bonecos e provavelmente bonecas, só reage negativamente aos solícitos de uma classe e nada mais.

E digo eu, que sou só mais um, de muitos que de boca aberta se espantam com tanta falta de E D U C A Ç Ã O.

É verdade, falta EDUCAÇÃO à educação.

Preocupa-me saber se existe verdadeiramente, educação física nas escolas, a verdadeira e já legislada educação sexual nas escolas, e educação sobre prevenção rodoviária, nas escolas, a vontade de haver uma informação detalhada com a educação da saúde e alimentar, nas escolas.

Mas também me preocupo e gostava que não houvesse necessidade dos pais fecharem escolas a cadeado por as mesmas não terem o mínimo de condições, que houvesse ciclicamente e assiduamente analises à alimentação que lhes é fornecida, evitando intoxicações, que é o que se tem visto ultimamente, a renovação do parque escolar, (que apesar de terem dito que há milhões) nada se faz, “pois é falta poupar os 150”, o ambiente propicio para que sem dificuldade do frio, gelo etc. Os alunos consigam pegar decentemente no lápis; não fiquem às escuras por de tantos aquecedores que alguns se disponibilizam doar rebentam com a tamanha carga eléctrica, ainda com os produtos de limpeza comprados naquelas lojas que intoxicam tudo e todos, enfim um rol de problemas que a dita senhora sentada aos pés da sua rainha, apenas aguarda, que tudo isto termine, adiando adiando, ou então que alguém a vá chutando, a vá chutando.

No meio disto tudo, continua-se a pedir aos pais para contribuírem com determinados valores para fazer face a algumas necessidades prementes, que são... aquilo que todos sabemos, o material, chamado antigamente de caixa!!! Não, não é aquela rica que fica com o prejuízo criado por senhores bem-postos e bem ganhadores de fortunas que por lá passaram, e de tão endinheirados terem ficado nada lhes acontece.

Olha os outros, pintaram uma parede, tumba, já está mais uma multita.

Contrastes da vida real, ou isto não fosse um reino sem rei nem roque, mas com uma rainha e suas aias.

A. Boleto Fonseca
2008.11.12