ESTÁTICA E MOVIMENTO

27 de setembro de 2009

MAS QUE BELO DOMINGO ME HAVIA DE CALHAR

Futebol não havia, trabalho só a brincar.

Logo pela fresquinha, serviço religioso, não fosse o diabo tece-las, já depois de ter regado as alfaces, tomates, pepinos, enfim a horta sem costa, é que elas querem-se tenrinhas, na salada e não só, e deixar de ser ocioso.

Depois lá foi eu cumprir com o meu dever cívico, que é como se diz em democracia, chutar de lá os maus e colocar os piores, ou não!!!, mas que
lírico.

Com a família chegada do interior, todos juntos, qual excursão (não, não são camionetas de apoio politico partidário, apenas família, em grupos), ao sarrabulho fomos ter em Ponte Lima comer.

Pela tarde desfrutamos da frescura à beira do rio Lima, com uns gelados a condizer, e mais tarde assistir ao assobio do tratador para os patos ver subir. “Só visto”. Nunca visto!

Era gente em barda, muita, barda, feminino de bardo que é termo utilizado em terras durienses, que eu saiba, para designar uma fila de cepas nos socalcos vinhateiros.

Quase não chegava a tempo de preparar todos os televisores disponíveis em casa, menos um, sou um democrata, para numa poltrona, (não são só os outros, também tenho direito), em meu redor colocar e assim assisti, às mais diversas reacções faciais de políticos e comentadores, e mais alguns que tais.

Primeiras projecções, maior abstenção, o povo está cansado, esta vitória não surpreende, será que é verdade, é pois, o povo gosta de não fazer nenhum, estes nunca se enganam, e subiu tanto, não pode ser, sempre disseram que eram as eleições deles, queriam, e os outros, tadinhos lá se ficam com os restos.

Opinião… surpreendidos todos, como é que são possíveis estes resultados; dizem: o sol quando nasce é para todos, e hoje não só esteve um lindo dia de sol como de calor, tolos.

O sorriso cínico do cretino só, (é o dia do povo) a imaculada reacção da Né das F.L., (votem todos, é muito importante), a eleganterrima vaidade de quem veste Gant, (é um dia de decisões em família e no cinema) a boa disposição do bem-disposto avô, (abstenção vai ser menor, enganou-se) e aquele normal estrebuchar do feirante (votem juventude, votem, venham daí) satisfizeram o meu ego. Não é todos os dias (salvo seja, até foram dias a mais), que se vê tamanha elite.

Opiniões alegres, suaves, cabisbaixas, a ranger a dentuça, em portada, marteladas q.b. para dizer, afinal havia outra / afinal não havia outra, mas haviam muitos outros, ou nenhuns. São sempre os mesmos, mais o professor da classe operária. E os outros, como nós e vós.

No da seguinte lá vamos aguardar por mais impostos, fazer mais uns três a quatro buracos no cinto, deixar de poder ir ao sarrabulho, passar a ficar por casa, semear a batata, plantar couves e alface, pepinos, feijão e outras leguminosas, começar a criar gado, aves e tudo o mais que for possível, qual família farmville, porque, grana não vai haver, ela é necessária para pagar a crise e todas as grandes obras do estado, e ainda mais importante apoiar financeiramente quem não quer trabalhar, e pior, assistir ao sacar de algum a quem da reforma devia viver.

Pelo menos não me digam que há falta de água, deixaram arder tudo, o país está em cinzas, portanto não há falta de água. Isto vem a propósito de quê? O que faz falta é dar de beber à malta, ora, ora.

Isto é Portugal o mais ocidental pais europeu, que tem tudo para viver bem, muito bem digo eu, desde as pescas à agricultura, passando pela industria, comercio, turismo, etc. Mas os nossos politiqueiros acharam por bem desperdiçar os apoios comunitários a favor de outros interesses, tais como, formação descontrolada ou nenhuma, acordos ibéricos e mais qualquer coisita …jamais. Ota, otário.

E eu a vê-los ganhar, e a nada poder comprar, irra que martírio, martirizante.

A bem dizer estamos, como sempre estivemos; lixados, quer dizer, asfixiados com parasitas (tinham-se esgotado os pesticidas, e não há verba para adquirir mais, foram-se os apoios e é isto) em demasia.

A. Boleto Fonseca
2009.09.27