ESTÁTICA E MOVIMENTO

31 de outubro de 2006

A CAVE
(dos xutos)

Comecei por “xutar” durante noventa minutos na esperança de o “chaveiro” chegar.
Em vão...
“Xutei” no carro da tv que por lá parou, nas pedras que por lá estavam...e
enquanto isto...

olhava para a direita...
e via a calçada, recordei a leitura da maluquinha na esperança de encontrar
o perdido, ou que lhe sarassem os turnos... zelos... ozos.

E continuava a “ xutar”...
olhando os novos modelos de iluminação,
os moradores no entra e sai...

Volvidos alguns minutos...
já depois de muitos nos olharem de soslaio, faz-se uma ligação, e... nada, provavelmente estaria submerso nos lamaçais europeus e proibidos que estão, a rede lá não havia, não chegou... pobres pescadores.

Ainda não pensava “xutar” e,
lá no alto com nome de amores antigos,
à autoridade me dirigi perguntando pela dita, e
com sotaque de além mar perguntou via radio a sintonia
e... nada.

E eu a vê-los passar...
todos os taxis da cidade conheciam aquela dita menos o que me deveria lá ter levado,
desconhecia, resmungou durante a viagem por lhe ter dito que iria naqueles todos os
outros, e, lá, por fim, me deixou no cimo da calçada.

Mesmo não sendo verde...
tinha a pequena esperança de uma saltar, apanhasse boleia na ave
que esvoaçava fugindo ao fogo expelido, e caísse aos meus pés. Mas
nada.

olhava para a esquerda e...
ao fundo via a praça, veio-me à memória as atrocidades do ditador,
mas também as alegrias daqueles que tiveram com quem o enfrentou.

Continuem..
a “xutar” (penso), em vou à outra margem fabricar uma

Que diabo de negocio eu havia de arranjar,
eram carros e carros da autoridade a passar e não
conseguiram saber onde a dita ficava. Mais para o fim
descobri que logo ali estava uma daquelas, deles.

Finalmente, na ranhura lá entrou e não pensava eu “xutar” mais, quando logo no primeiro degrau “xutei”, no final das mesmas voltei a xutar. Bolas (não haviam) é só “xutos”, na copiadora com sotaque parisiense, na ‘submesa’ sem espaço para não “xutar”, na amalgama que lá pelo rastejo se encontrava, no espaço onde só faltava a espreguiçadeira, num outro chamado de guardador de coisas mais doces, também “xutei” no pó de alguns anos que por lá estão assim como em papeis tratados a condizer. Não, não “xutei” nem “xutarei” na banheira, bidé e sanita mais o lavatório decorado com pot pourris.

Só faltou “xutar” nalguns daqueles sete mais três e mais um, para que finalmente se fizesse uma limpeza de balneário.

Impossível, nunca estão, agora sei, tem havido falta de comparência!

E viva a Cave... (dos xutos).

A. Boleto Fonseca
2006.10.09