ESTÁTICA E MOVIMENTO

20 de novembro de 2008

O CAOS EM SEIS MESES

Na última janela do maior edifício do país estava ela a sonhar.

Bem confortada em sofás de qualidade alta, aconchegada por soberbos adornos de penas e para o pezinho uns importados tapetes persas.

Irão, todos de carrinho, de compras, que já ninguém faz porque já toda a banca tinha falido. Tudo o que faltava no país estava concentrado naquele maior edifício.

Eram as forças militares e militarizadas, divididas por cada piso, para quando ela se quisesse mover os tivesse ali à mão de semear, os serviços de saúde que restavam no piso –o, pois todos os outros tinham abandonado o sns, emigrando para países de leste, e pouco mais do que um grupo de correligionários por lá ficou.

Daquela janelinha, ela, sentado no seu aconchegado sofá, via alunos revoltados por não serem avaliados em exames, tal qual os seus pais foram, e que alguém unilateralmente decidiu anular.

Juntaram-se em gangues e tudo assaltavam e destruíam, a electricidade deixou de funcionar, os serviços de apoio eólicos pararam por falta de formação a quem tinha de fazer com que as ventoinhas continuassem a rodar, o sistema de viação parou, só não pararam as viaturas que de frente a frente umas nas outras embatiam.

A sinalização parou e entretanto destruída criava uma balbúrdia tenebrosa naqueles que ainda com um pouco de combustível tinham de reserva se movimentavam.

Todos os postos de combustível esgotados estavam.

Na longa costa do país atracavam barcos de vária espécie carregados de droga provenientes de todo o mundo, maravilhavam-se os traficantes com tanto consumo, eram aos quilos, todos se refugiavam nas leves e pesadas, batiam permanentemente com a cabeça nas paredes.

As forças de segurança para combater tal, não existiam, (lembram-se... estavam no edifício).

E ela na janelinha continuava no seu sonho.

Não havia produção, as sementeiras haviam acabado, cereais, leite e derivados tinham-se esgotado, com as falhas de energia pararam a indústria, o comércio e os serviços.

Tribunais fechados e seus servidores expostos, todos tinham sido tomados, por tanto desnorte e onde não havia razão para julgar ninguém.

As doses de estupefacientes continuavam a ser consumidas para gáudio dos traficantes.

A destruição era completa, os serviços de transporte não funcionavam por falta de vias de comunicação. Tinham sido destruídas pontes, estradas cortadas, grandes obras rebentadas, a população atordoada corria de um lado para outro, sem esperança.

As lixeiras a céu aberto renasceram, fogos se ateavam e o mundo perplexo não podia intervir.

A epidemia da peste tudo contaminava, a água dos rios, os canais de saneamento entulhados de tanto rato morto, o cheiro nauseabundo que pairava no ar.

Nisto ela acordou, e não gostou do que viu, (a realidade) e voltou a adormecer para continuar a sonhar, e sonhou.

Isto é um caos, já lá vão seis meses, vou por tudo na ordem.

Requisitou todos os serviços do edifício, as forças militares e militarizadas começaram a impor a ordem e respeito, os poucos médicos e enfermagem acudiram aos enfermos, professores e docentes finalmente cumpriam a sua missão de educar e ensinar, todos os experts em engenharia, economia, financeiros metodicamente reorganizaram os sistemas produtivos, serviços, comercio e indústria arrancavam finalmente.

Antes os serviços de limpeza tinham purificado o país.

Pediu ajuda ao seu amigo de raiva, para dirigir o sns, solicitou ao seu não candidato que iniciasse o processo de limpeza das águas, e os restantes aderentes e não aderentes para em conjunto edificar o país, tal como intacto tinha ficado o seu edifício.

Ela a Né das “FL”(*) tinha conseguido.

Após seis meses de caos, fazer todas as reformas necessárias para o bem do povo.

Os combustíveis nivelaram-se pela Europa, acabaram as taxas moderadoras no sns, as taxas bancárias diminuíram de tal forma que todo o povo voltou a recorrer ao crédito, apesar de durante o caos a maior parte da banca ter falido, o ensino passou a gratuito na sua acepção da palavra, reabriram-se centros de saúde, maternidades, hospitais que entretanto alguém os tinha fechado, criaram-se novas vias de comunicação mais ágeis e viáveis, o pib ultrapassou todos os limites, era riqueza atrás de riqueza.

Só o futebol falhou com os irmãos verde e amarelo.

Deixaram de haver arrumadores, pobreza, os serviços de apoio a desalojados deixaram de ter razão de existir.

Novas empresas se criavam, umas atrás de outras, acabou o desemprego, éramos o modelo mundial.

Só não haveria aeroportos novos nem tgvs, porque dava muito trabalho a fazer novos estudos.

E ela na sua poltrona sentada, queria continuar a sonhar, mas... finalmente acordou.

Tinha de acordar...

Acordou e disse...

Precisamos de acabar com a democracia durante meio ano, metemos tudo num saco, pode ser o do Pai natal, e depois como com uma varinha mágica e uns perlimpinpins criamos um país totalmente novo.

E disse-o muito bem, mal, maldizente.

(*) “FL” = frente libertadora.

A. Boleto Fonseca
2008.11.20

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18 de novembro de 2008

AS SEGUNDAS INTENÇÕES

Quais as verdadeiras razões que fazem com que a Ministra da Educação não recue nas suas posições?

Critérios economicistas... Os mesmos critérios que têm “governado” o País nos últimos anos e têm prejudicado quem trabalha e favorecido quem prevarica ou “ultrapassa” as leis com off-shores e outros truques!

O Ministério da Educação não cede porque não quer continuar a ter nos seus quadros professores a ganhar o que ganham... Mesmo que esse salário seja já baixo para a maioria dos Professores e esteja congelado há mais vários anos (7 ou 8 se não estou em erro).

Além do “congelamento” de salário e progressão na carreira, está a criar condições para que eles se sintam “a mais” nas Escolas e na Educação e, se não se acomodarem ou conformarem, e ganhem vontade de se ir embora! A prova-lo está o numero crescente de Professores a pedir a reforma antecipada mesmo com prejuízo de vencimento.

Mas se o problema são os salários altos, qual a razão que impediu o Ministério da Educação de fazer um ECD que igualasse todos os professores num patamar salarial?

Igualar os Professores até seria mais fácil e menos polémico, já que na sua essência todos prestam o mesmo serviço dentro das escolas: dar aulas! E se necessidade houvesse de os distinguir o que impedia de pagar mais a quem exerce a função de Director de Turma, Coordenador de Departamento, Representante no Conselho Pedagógico ou Assembleia de Escola (em breve no Conselho Geral)? Ou pagar mais a quem exerce cargos nos Conselhos Executivos? Não seria mais justo?

Porque não o fez concluiu-se facilmente que as divisões criadas tiveram como principal finalidade a criação de instabilidade no seio dos Docentes, dando razão ao ditado que diz: “dividir para reinar”.

Seria também mais fácil avaliar o trabalho de cada um atendendo às funções que desempenha: se dá aulas seria avaliado pelos resultados dos alunos em função dos objectivos iniciais para cada aluno (a ser ponderado pelo professor, pela escola e em concordância com o histórico do aluno); se é director de turma seria avaliado pelos seus pares nos conselhos de turma e pelos pais que atende; se exerce actividades de coordenador ou qualquer outra dentro da escola, seria avaliado pelos seus pares no departamento ou de actividade. Qualquer que fosse o ou os avaliadores os métodos deveriam ser sempre iguais em todas as escolas pois as funções de que falo têm padrões de funcionamento iguais!

E para que serviria a avaliação? Para efeitos de prémios no final de cada ano ou no final de um determinado ciclo de anos. Em situações pontuais poderia ser considerada como mais-valia, como no caso de uma candidatura a Presidente de Conselho Executivo.

Esta minha forma de ver as coisas não deve ser estranha ou inédita... Mas se não o é, porque razão ninguém propõe algo semelhante? Se é verdade que a Ministra não muda porque quer poupar uns euros, também é verdade que os Professores não querem perder a progressão automática na carreira que lhes dava automaticamente mais uns euros de 4 em 4 anos...

Critérios economicistas... de parte a parte!!!

Paulo Gomes da Costa
2008.11.18

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A CULPA NÃO É DAS ESCOLAS...

Confesso que há muito tempo não me divertia tanto depois de ouvir uma notícia que envolvia uma das confederações que se diz representante dos Pais...

Diziam que se congratulavam com a publicação de um despacho que esclarecia todas as dúvidas sobre o Estatuto do Aluno... Diziam mais: que a responsabilidade por se terem gerado tantos problemas era de algumas Escolas, que não tinham sabido interpretar e regulamentar a lei. Num jornal diário vem mesmo a uma frase atribuída a algum dos que se dizem representantes de todos os Pais: “Infelizmente algumas escolas não tiveram capacidade de fazer uma interpretação daquilo que são faltas justificadas por doença ou por outras actividades, como alunos que estejam a praticar desporto em representação do país”!

Tal como um ditado popular que diz: “faça o mal quem o fizer... quem o paga é a minha mulher...”, neste caso quem o paga... são as Escolas – leia-se os Professores!

Mas será que custa assim tanto admitir que o actual Estatuto do Aluno é uma má Lei? Não foi isso que alguns dos que se dizem representantes dos Pais afirmaram quando disseram que se tinham manifestado contra na audição parlamentar realizada na Assembleia da Republica? Ou isso foi mais uma pequena curvatura no discurso para se adaptar a diversas circunstâncias?

Na verdade o estatuto do aluno foi feito a pensar no sucesso dos alunos a qualquer custo e na criação de condições legais para manter os alunos na Escola, também a qualquer custo! Faltassem eles ou não, cumprissem eles ou não objectivos mínimos, a ideia foi garantir por todos os meios que os alunos atingiam o final da escolaridade obrigatória! Pelo meio esqueceram a disciplina...

Também esqueceram de trabalhar o texto da Lei de forma que não existissem incoerência ou problemas. Acreditaram os responsáveis ministeriais que as escolas iam seguir as vontades do governo e não aplicar a lei conforme ela vinha escrita.

Agora, depois de mais um despacho, ficamos a saber que as faltas justificadas contam... Não se sabe bem para quê, mas contam! Sabe-se sim que agora nenhum aluno pode chumbar por faltas, justificadas ou não! Passarão todos?

Pergunto: e quando as faltas não forem justificadas? O que acontece? E quem justifica as faltas? O Pai? O Médico? E em que difere esta forma justificação de faltas da forma que estava no anterior Estatuto do Aluno?

Resumindo: este novo o despacho serve para esclarecer que não se podem chumbar alunos!!!

Um apontamento final: O que vai acontecer às Escolas que já tendo os seus Regulamentos Internos prontos e aprovados em Conselho Pedagógico e de acordo com o texto do Estatuto do Aluno? Terão agora de fazer mais uma alteração... E vai acontecer mais trabalho, mais reuniões, mais debate e mais tempo retirado às aulas e à sua preparação! E depois a Sr.a Ministra vem dizer que a culpa é das Escolas e que será necessário ajuda-las a resolver esta questão da sobrecarga de horários e burocracias!

Irra para tamanha irresponsabilidade!

Paulo Gomes da Costa
2008.11.18

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17 de novembro de 2008

PENSAR PELA CABEÇA DOS OUTROS

Regularmente abro a página na Internet da CONFAP...

Estranhos e antigos hábitos que custam a largar, qual tabaco – que nunca fumei, mas que deve ser difícil de abandonar – ou o café, que gosto em pequenas doses diárias...

Há dias atrás, depois de abrir a página da CONFAP leio uma pequena introdução que justificava a publicação de umas tantas questões relacionadas com a Avaliação dos Docentes.

Pensei que a CONFAP tinha produzido algum documento sobre essa questão, embora entenda que esta Confederação de Associações de Pais deva ter algum cuidado ao pronunciar-se sobre uma questão que tem mais a ver com os interesses laborais dos Professores do que com a Escola onde os Pais querem e têm obrigação de participar... No entanto depressa este pensamento foi banido ao ler o final do parágrafo: “...conjunto de questões e respostas recebidas do ME”!

Afinal o conjunto de perguntas e respostas sobre a avaliação dos docentes mais não é que a cópia exacta do documento disponibilizado pelo Ministério da Educação no seu site a 13 de Novembro... Ou seja no dia anterior em que a CONFAP entendeu divulgar a informação!

O documento em si não é inédito. Já o Ministério da Educação o tinha publicado há meses atrás. E não será de estranhar esta chamada de atenção para o documento, seja por parte do Ministério da Educação seja por parte da CONFAP. Na verdade é nesta questão da avaliação que o Ministério da Educação tenta centrar os problemas que se vivem nas Escolas, tentando encobrir muitas outras questões que os Professores vêm denunciando.

O que é estranho no meio de tudo isto – ou talvez nem tanto estranho assim – é a CONFAP “seguir” todas as pisadas do Ministério da Educação. Este é mais um exemplo...

Numa primeira fase apela-se à calma...

Numa segunda fala-se de manipulações, pressões, crimes e punições para justificar manifestações de alunos...

Numa terceira fase divulga-se informação sobre a Avaliação dos Docentes proveniente do Ministério da Educação...

Curiosa esta forma de agir e pensar: nas manifestações dos alunos há manipulação; na publicação de um documento do Ministério (objectivamente feito para servir de cartilha), não há manipulação! Há o quê? Seguidismo?!

Não creio que pensar pela cabeça dos outros favoreçam o Ensino.

Sou Pai e cidadão com alguns conhecimentos sobre Educação, Ensino... E DEVO DIZER QUE NÃO CONCORDO ABSOLUTAMENTE NADA COM A FORMA COMO ESTE PROCESSO DE REFORMAS TEM VINDO A SER IMPLEMENTADO!

A CONFAP devia olhar mais para a opinião dos Pais e Encarregados de Educação das suas Associações – para não dizer de muitos Pais que não as integram mas não deixam de ser Pais. E isto porque se há manipulação em alguns acontecimentos, como diz a CONFAP, ela poderá estar a ser feita pela opinião de muitos Pais que no recolhimento dos seus lares tecem os comentários mais desfavoráveis a esta Ministra e às suas politicas... com os filhos a ouvir! Claro que a sua cabecinha pensadora tirará algumas conclusões e o resultado está claramente à vista de todos nas manifestações de alunos que se vão realizando por aí...

Paulo Gomes da Costa
2008.11.17

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DUAS MANIFS... SERIAM SAUDADES DO PREC?

Já muitos entendemos que sindicatos como devem ser não podia permitir que uma cambada de professores realizasse uma manif sem o seu consentimento!!!

Por isso convocaram a manif do dia 8!

Isso não inviabilizou a realização de uma manifestação de Professores no dia 15 de Novembro de 2008.

Relembrando o passado, com as naturais e devidas diferenças, traduzirão as duas manifestações saudades do PREC? Ou estaremos à beira de um novo PREC em 2009, para além de um normal ataque de nervos de alguns face a todas estas manifestações?

O Processo Revolucionário em Curso foi um período que teve o seu expoente máximo entre Março e Novembro de 1975.

De uma forma muito simples pode-se dizer que na época o antagonismo vivido entre muitos políticos e alguns sectores da sociedade mais conservadora deram origem a muita informação e desinformação, acções de propaganda e actos de violência. No meio de acontecimentos polémicos e violentos, foi uma época em que muitos se tentaram manter anónimos, tentando – e muitas vezes conseguindo – “sacudir” as responsabilidades dos actos que iam praticando atirando-as para cima de outros.

Sou de opinião que não houve inocentes neste processo. Tratava-se de uma luta pelo puder em que uns tentavam subjugar outros à sua vontade, independentemente de se ter ou não ter razão.

Salvaguardando as naturais diferenças no tempo e nas circunstancias envolventes – nomeadamente no tipo de violência que espero não voltar a ver - não estaremos nós a viver algo semelhante ao PREC de 75? Estaremos nós a viver um PRECZINHO do Século XXI?

Digo isto por causa das atitudes dos nossos governantes e em particular da Sr. Ministra da Educação. Mesmo que tenha razão não terá ela obrigação de tentar conciliar todos as vontades no sentido de ter um melhor ensino nas nossas Escolas?

Não sei se a sociedade de hoje é muito diferente da de 75. Sei que hoje a participação cívica é menor e parece que as pessoas lutam menos pelos seus direitos. Com a achegada à cena de movimentos e associações cívicas de professores há sinais de mudança nessa participação, que espero se mantenha noutras áreas da vida portuguesa.

Mas esta nova vaga de participação afecta o status quo na luta pelo puder. Dai a recuperar as tácticas e as formas de informar e contra-informar características do PREC é apenas um passo... Assistimos nos dias que correm a muita informação nos blogs, nos jornais diários e nas televisões, envolvendo Professores, Sindicalistas, Pais, Deputados e Ministros... De um lado e de outro se esgrimem argumentos de razão e acenam-se com as responsabilidades dos outros para as coisas que cada um entende como erradas... Não será isto um PRECZINHO? Não será isto que vivemos na Educação?

Por último lembro que os que “perderam” o poder na época do PREC não desistiram nem desapareceram... Ainda andam por aí tentando conseguir o que lhes foi negado na época. E se não o estão a conseguir, estão pelo menos a fazer com que muitos outros não consigam fazer valer as suas razões.

Claro que, tal como no PREC, todos sem excepção podem dizer que os outros são os culpados!!!

Paulo Gomes da Costa
2008.11.17

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14 de novembro de 2008

CONTRASTES DA VIDA REAL

Orgulhosamente autista e autoritária, estava ela sentada aos pés de sua excelência a rainha, com o cínico sorriso próprio de quem só desdenha de quem é competente.

Acompanhavam-na os seus bonecos de estimação, e brincava com livros de língua portuguesa onde com alguma dificuldade soletrava a palavra, la-men-tá-vel.

Já perspectivava o que lhe poderia acontecer em uma ou outra localidade do nosso querido desfeito por eles, país.

Destroçada de coração sentia a mão protectora da rainha em sua cabeça, lhe alisando os seus grisalhos cabelos por tão infortúnio acontecimento.

Vá lá saber-se como é possível, aprenderam com os seus próprios governantes aquando da festa do verão, onde mobilizaram pagando comes e bebes mais transporte para ao lado do povo sofredor, ao demonstrarem grandeza insofismável.

Pois é, cá se fazem cá se pagam, lá diz o velho ditado.

Ias tu, vaidosa e radiosa na tua viatura, quando fizeste o mesmo que quem te dirige. Fugiste a sete pés, mais a tua idolatrante seguidora que convoca via sms elementos responsáveis para reuniões regionais, a que muito poucos responderam.

Eram tomates, eram ovos, batatas e outros legumes que o povo cansado das tuas atitudes te queria oferecer, não de mão beijada mas mão de latada.

E pronto, não quiseste, fugiste, e, desgraçado daquele que teve de levar com tudo, mas do mal, o menos, tem de comer aí para uns anitos.

Quando acordou desta realidade não quis pensar, não leu jornais nem viu tvs, mas esteve numa. E aí foi tão ridícula que após a sua presença, alguém lhe sussurrou ao ouvido:
Antes foram 100 mil agora 120 mil. Como é possível. Vai-te e vem-te de uma vez, para gáudio do povo, já que cansados estamos de tanta asneira.

Depois, apareceram os seus correligionários, um que se diz representante de pais, com uma voz trémula sugerindo entendimento, que é como quem diz façam o que ela diz, senão têm-nos à perna, depois outro renascido das cinzas mostrando-se como o maior equilibrista do mundo. Radical. Radical só mesmo, não, não é o pequenote, mas aquele que ia fazer fortuna com um estudo para a frente ribeirinha, mas parece que o consegui com outros contratos, e diz, oiçam, oiçam, oiçam, “parecia quase a canção festivaleira do Eduardo Nascimento”, o poeta, o pensador e ou o professor.

Na resposta uns e outros só disseram, estamos, estou cansado destas e doutras e outros que desempenham funções apenas com autoritarismo, sem a menor sensibilidade para as realidades reais.

A mim, que sou apenas um, de muitos descontentes, fico indignado com estas trapalhadas, assuntos que têm a ver com disputas de classes reivindicando aquilo com que se acham de direito, é assunto que deve ser tratado entre ambos, e aí, se perde a dita com a desdita indiferença ao que na realidade não existe na educação deste país.

Aproveitando, estes desavindos, continua a brincar aos bonecos e provavelmente bonecas, só reage negativamente aos solícitos de uma classe e nada mais.

E digo eu, que sou só mais um, de muitos que de boca aberta se espantam com tanta falta de E D U C A Ç Ã O.

É verdade, falta EDUCAÇÃO à educação.

Preocupa-me saber se existe verdadeiramente, educação física nas escolas, a verdadeira e já legislada educação sexual nas escolas, e educação sobre prevenção rodoviária, nas escolas, a vontade de haver uma informação detalhada com a educação da saúde e alimentar, nas escolas.

Mas também me preocupo e gostava que não houvesse necessidade dos pais fecharem escolas a cadeado por as mesmas não terem o mínimo de condições, que houvesse ciclicamente e assiduamente analises à alimentação que lhes é fornecida, evitando intoxicações, que é o que se tem visto ultimamente, a renovação do parque escolar, (que apesar de terem dito que há milhões) nada se faz, “pois é falta poupar os 150”, o ambiente propicio para que sem dificuldade do frio, gelo etc. Os alunos consigam pegar decentemente no lápis; não fiquem às escuras por de tantos aquecedores que alguns se disponibilizam doar rebentam com a tamanha carga eléctrica, ainda com os produtos de limpeza comprados naquelas lojas que intoxicam tudo e todos, enfim um rol de problemas que a dita senhora sentada aos pés da sua rainha, apenas aguarda, que tudo isto termine, adiando adiando, ou então que alguém a vá chutando, a vá chutando.

No meio disto tudo, continua-se a pedir aos pais para contribuírem com determinados valores para fazer face a algumas necessidades prementes, que são... aquilo que todos sabemos, o material, chamado antigamente de caixa!!! Não, não é aquela rica que fica com o prejuízo criado por senhores bem-postos e bem ganhadores de fortunas que por lá passaram, e de tão endinheirados terem ficado nada lhes acontece.

Olha os outros, pintaram uma parede, tumba, já está mais uma multita.

Contrastes da vida real, ou isto não fosse um reino sem rei nem roque, mas com uma rainha e suas aias.

A. Boleto Fonseca
2008.11.12

12 de novembro de 2008

E AO TERCEIRO DIA...

Ouviu-se a opinião de alguns Pais!

Só de alguns Pais, devo dizer! Na verdade as pessoas que falaram para a comunicação social representam apenas alguns Pais: os, poucos, que ainda se revêem na CONFAP e nas Associações de Pais que a apoiam!

De fora desta opinião ficam todos os que não estão nessas Associações e os Pais e Encarregados de Educação que, sem participar nas Associações, não deixam de ser Pais, podendo por isso mesmo ter o direito à sua opinião, não apenas como cidadãos mas como Pais!

E se no sábado foi a Sr.a Ministra da Educação que fez centrar em si todas as atenções para defender as politicas educativas do Governo, no domingo foi a vez do Sr. Primeiro-ministro fazer o mesmo. Não restava mais do que ao terceiro dia, segunda-feira, algum representante dos Pais fazer o mesmo...

Nenhuma novidade... A estratégia sempre esteve muito bem afinada em situações semelhantes!

Sob o que foi dito nenhuma novidade. As declarações dos representantes de Pais citados num artigo do Jornal de Noticias de hoje (11 de Novembro de 2008) não apresentam relevo de espécie alguma. Afirma-se o politicamente correcto, deixando adivinhar muito facilmente de que lado estão estes Pais.

Reafirmar direitos legítimos e elementares dos Professores e a afirmar que ao defender os seus interesses os Professores estão também a defender o interesse dos Alunos não será novidade. O problema é que pode induzir os leitores menos atentos a estas questões em erro ao acreditar que as posições destes representantes se conseguem resumir a um conjunto de frases feitas e devidamente estudadas para ser ditas nestas oportunidades e que têm a virtude de não chocar com as posições do Ministério da Educação ou com os Professores...

Mesmo assim é apontado um pequeno senão a uma das formas de luta que se poderá verificar no futuro: o caso de haver uma greve de Professores não haverá lugar para dizer que será legítima, que a Constituição o permite e outras verdades semelhantes... Neste caso há uma preocupação com o prejuízo que pode trazer aos alunos. A greve, em defesa dos direitos dos Professores, já não servirá para defender os direitos – e interesses – dos alunos!

Por fim o apelo à calma... Parece-me que será mais um pedido aos Professores para que se submetam às vontades do Ministério e acabarem com esta luta pelos seus interesses.

Não sendo esta questão do ECD, da avaliação dos docentes ou outras como o Estatuto do Aluno, questões recentes, não percebo como só depois de mais uma imensa manifestação de Professores se vem apelar à calma e ao diálogo. Lamento dizê-lo mas o assunto não caiu assim de repente na vida dos portugueses! Ou estes representantes dos Pais não deram conta disso?!

Mais uma vez se verifica que alguns só falam quando os mandam falar ou quando os deixam falar...

Consultar: Notícia no Jornal de Noticias

Paulo Gomes da Costa
2008.11.11

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10 de novembro de 2008

NÃO, NÃO E NÃO...

Parece ser esta a posição da Ministra da Educação...

Passou o domingo e, aparentemente, a Sr.a Ministra mostra-se irredutível nas suas posições e diz que não há motivos para “recuar” no processo de avaliação dos docentes! Invoca argumentos “sagrados” como um memorando e a Lei... Lei a que este governo tem recorrido amiúde para criar os mais diversos disparates na Educação!

Apoio tem do Sr. Primeiro Ministro! Do mesmo Primeiro Ministro que quando era oposição votou contra o código do trabalho e agora, na mesma semana em que os Portugueses andavam entretidos com a crise na Educação, aprova novo código... mais prejudicial para os trabalhadores!

Voltando à Educação e olhando para as palavras da Sr.a Ministra, penso ter percebido que ela reduziu propositadamente o âmbito do protesto dos Professores à avaliação dos docentes. Pelo que sei os Professores não contestam só a avaliação mas também alguns aspectos do ECD como a divisão da carreira. Contestam também o concurso de professores que se aproxima e se adivinha polémico.

Ao evidenciar a questão da avaliação a Sr.a Ministra tenta, talvez, controlar a opinião pública, focando apenas questões que podem parecer bons argumentos ao cidadão comum e menos atento a estas questões, mas que na verdade são visões distorcidas da Educação e dos docentes. Tentará a Sr.a Ministra com esta estratégia minorar os danos à sua imagem e à imagem do governo!

Mas devo referir que ao falar da avaliação me pareceu que a Sr.a Ministra usou os argumentos politicamente correctos e que lhe foram servidos em bandeja de prata pelos sindicatos. Falo em concreto na aceitação do memorando – quando a maioria dos professores estava contra – e das diferentes posições (ou falta delas) que os sindicatos têm assumido desde que o ECD foi apresentado, não o contestando vigorosamente desde o início.

Penso que, inexplicavelmente, sindicatos e Professores se deixaram adormecer, já que no ECD e noutras reformas propostas no início do mandato por este governo não havia ponta de respeito e muito menos bondade para com os docentes!

Mas, apesar do não, o discurso de sábado à noite da Sr.a Ministra pareceu abrir uma pequena janela... Foi dito que o processo de avaliação dos Professores podia sofrer evoluções e modificações que o melhorassem! Não foram estas a palavras exactas, mas penso ter ouvido estas intenções! E se assim é, acho bem que os Professores tomem a rédea dos acontecimentos começando a fazer propostas concretas sobre as modificações que desejam ver introduzidas no ECD e nos múltiplos aspectos que este encerra.

A outra alternativa será dizer à Sr. Ministra que NÃO, NÃO e NÃO... Não pode continuar com estas politicas que apenas enfraquecem o Ensino, a Educação e as Escolas.

Endurecer a luta e partir para situações de rotura completa pode ser o caminho. Sei que alguns professores acham que essa via pode trazer prejuízo à classe e às Escolas... Mas será bom lembrar que um bom murro na mesa ainda pode acordar muita gente para a realidade! E se o caminho for esse talvez o ano lectivo se perca mas por outro lado pode ser que a Educação ganhe... E ganhem também os jovens de hoje.

Paulo Gomes da Costa
2008.11.10

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8 de novembro de 2008

PORQUÊ SÓ AGORA?

O primeiro porquê tem a ver com a altura escolhida pelo PSD para se pronunciar sobre a situação da Educação em Portugal, nomeadamente o Estatuto da Carreira Docente e a Avaliação dos Docentes...

Mas porquê só agora? É o mínimo que se pode dizer da intervenção da Presidente do PSD...

Será por temer que o Comboio parta sem ela? Ou seja, que os Professores consigam fazer valer a sua razão, sem que ela consiga colar-se a essa posição?

Provavelmente já falou tarde!

Consultar noticia em:
Jornal Publico

Consultar:
Declaração da Presidente do PSD

O segundo porquê tem a ver com a opinião manifestada pelo conselheiro do Presidente da República para as questões sociais.

O Dr. David Justino, que já foi Ministro da Educação, entendeu emitir uma opinião sobre o actual momento da Educação. Mas ao contrário do que o seu partido, ele não foi claro na sua opinião, deixando-me vastas reservas se fala a favor dos Professores ou a favor do Ministério da Educação.

Veja-se a frase, na minha opinião notável face a situação que se vive nas Escolas e na Educação: “O conflito faz parte da vida. Mas penso que a situação está a ser fustigada demais em relação ao conjunto. Independentemente de saber quem tem razão e quem não tem.”, disse à Rádio Renascença.

O que se quer dizer com isto?

Por outro lado diz “Enquanto transformarmos a educação num campo de batalha é difícil encontrar soluções e um rumo que possa unir as pessoas para uma educação de excelência”.

Sim... A favor da “Educação de excelência”! Sim... Isso também eu! Mas o que significa para o Sr. David Justino “educação de excelência”?

Mas em Portugal a política é assim... Quem mais conseguir ser ouvido e menos conseguir ser entendido é tido como muito inteligente, oportuno e, na maioria das vezes, acaba por ter razão!

Consultar a noticia em:
Jornal Publico

Consultar a noticia em:
TSF

Paulo Gomes da Costa
2008.11.07

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7 de novembro de 2008

INDISCIPLINA

Casos isolados ou não, a verdade é que a quantidade de escolas que existem podem ter cada uma o seu caso isolado de indisciplina que isso não reflecte a realidade de outras escolas… Será o que podemos concluir das interpretações que o Ministério da Educação dá às situações de indisciplina que são quase diariamente conhecidas.

Mas o que acontece se cada escola tiver o seu caso? O que as diferenciará? Deixarão de ser casos isolados? Ou para continuar a ser passarão a ser realçados apenas os pormenores e características de cada caso?

Para continuar a considerar a indisciplina/violência escolar como casos isolados teríamos de estudar detalhadamente os 57 casos de violência escolar registados pela Procuradoria Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa verificados nos últimos 6 meses (esquecendo o número de casos que acontecem no resto do País)!

Convém lembrar que indisciplina e violência não são exactamente a mesma coisa, se bem que muitos políticos, professores e os pais os metam muitas vezes no mesmo saco... O que a mim me interessa é a indisciplina! Dentro das escolas é essa que deve ser combatida em primeiro lugar. A violência, dentro ou fora da escola deve ser “tratada” com a ajuda da Justiça...

A indisciplina tem muito a ver com as politicas educativas seguidas nos últimos anos, que foram misturadas de forma inconsciente e até irresponsável com as politicas sociais… E porque não estou de acordo com essas misturas defendo, há muitos anos, que as políticas educativas devem ser diferenciadas das políticas sociais!

Ao contrário do que alguns “especialistas” dizem não se trata de estar contra a Escola Inclusiva nem de favorecer a criação de “guetos” para crianças desfavorecidas ou com dificuldades de aprendizagem ou até problemas de indisciplina! Todas estas situações devem merecer a melhor das atenções, de forma a proporcionar a todos as melhores condições para que atinjam os níveis de escolaridade mais levados… Trata-se sim de esclarecer de uma vez por todas a finalidade da Escola! E esta deve ser para quem quer aprender!

Por muitas razões que escolham, teorias políticas que invoquem ou argumentos que lancem para a discussão, a verdade é que a Escola não pode ser um palco onde são lançados actores sem papel definido e sem qualquer hierarquia! Não se pode pensar que a Escola tenha de saber se a criança toma ou não toma os medicamentos, se os Pais estão em dificuldades financeiras ou se atravessam um divórcio litigioso ou amigável… Ou ainda se os Pais lhe dão o pequeno almoço ou o jantar… se à noite a criança vê muita ou pouca televisão ou se permanece muito tempo no computador… Lembro ainda que muitos outros problemas graves poderão ocorrer nas famílias e que a Escola não tem capacidade para controlar: alcoolismo, toxicodependência, violência doméstica – física ou psicológica, dependência do jogo ou problemas com a lei…

Para estes problemas a sociedade tem de dar outras respostas… Não a Escola!

Esta minha opinião é reforçada pelas duas noticiais que li ontem, dia 6 de Outubro de 2008. Uma dizia respeito a mais uma agressão a uma professora… devido a um caso nítido de desobediência – o que significa indisciplina – embora depois tenha resvalado para a violência. A outra notícia dava-nos conta da “nova interpretação” dada pelo Sr. Secretario de Estado Valter Lemos ao Estatuto do Aluno. Abordarei esta “nova interpretação” do Sr. Secretário de Estado na próxima semana...

Quanto ao caso da professora agredida quero realçar que, a fazer fé na notícia, a criança está rodeada de alguns problemas... Mas nenhum dos que é relatado tem directamente a ver com a escola! A não ser os problemas que o referido aluno causa à mesma!

Faço aqui uma pergunta que há muitos anos venho repetindo: que culpa têm os restantes colegas, os professores e toda a comunidade escolar de ter um aluno assim no seu meio? Porque terão de ser eles a pagar a factura dos problemas sociais que envolvem esta criança? Porque razão terá de ser o físico de uma professora a pagar? Ou, quiçá, a nota que esta vai ter no seu processo de avaliação que o Ministério quer implementar? Ou que culpa tem os colegas, nomeadamente o que ia ficar sem o telemóvel??? E os Pais desta criança, que poderiam ter tido também dificuldades para comprar o dito telemóvel, que culpa têm?

Percebo a angústia da avó quando diz: "É um amor de menino, mas quando não toma o remédio diário (calmante), revolta-se com tudo e com todos", diz a avó com as lágrimas nos olhos, impotente para tratar do caso. Mas se a família não consegue resolver o problema, não será a escola, que terá outras finalidades, a ter de os resolver!

Se os problemas são sociais, terá de ser a sociedade e não a escola a resolver esses problemas. A escola é apenas um dos braços dessa sociedade. Não pode ser o único... Para estes problemas existe a segurança social, instituições de solidariedade social, redes sociais, comissões de protecção de crianças e jovens... e muitas outras comissões e/ou instituições... Porque será que a Escola é, normalmente, a única solução apontada para resolver os problemas?

Para terminar pergunto se nos colégios privados, e que estão nos lugares cimeiros dos rankings, estas situações também existem?

Pergunto também se a razão da fuga ao ensino publico para estes colégios tem a ver apenas com a disponibilidade financeira dos pais dos alunos ou se muitos não encaram essa fuga como um investimento seguro e devidamente protegido de muitas situações nefastas à educação dos seus filhos?

Não será o aumento do ensino privado uma consequência da diminuição da qualidade do publico? Ou seja, não será a consequência e não a causa?

E não será isto que o Ministério quer? Um futuro cheio de instituições (escolas públicas) para os desfavorecidos, com professores pagos a 500 ou 600 euros, contratados pelas autarquias de preferência... E do outro lado um conjunto de colégios onde o futuro dos alunos é bem preparado mas onde o Ministério não tem encargos absolutamente nenhuns... e ainda por cima fonte de rendimento devido aos imposto que o estado cobra nas fabulosas receitas que estes estabelecimentos geram!

Paulo Gomes da Costa
2008.11.07

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6 de novembro de 2008

NÓS OS PAIS
OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, VII


A verdade é que toda a legislação que sai a jorros todos os anos do Ministério, ultrapassa todos os direitos consagrados na lei das Associações de Pais e como tal as mesmas (poucas que existem) vêm-se impotentes para, no mínimo, estarem por dentro da realidade da escola.

Mas há uma verdade, nessa mesma legislação consagra a participação individual do Pai e Encarregado de Educação no acompanhamento do seu educando, actuando nos conselhos de turma como já antes o escrevi e ainda se assim o entenderem participar civicamente com ideias para o melhor da escola.

Tal como está organizado o actual MAP, verifica-se que o mesmo esta desadequado às novas realidades da educação e da escola.

Aberta está uma nova realidade para a participação efectiva quer colectiva quer individual na escola, pois toda a legislação aponta nesse sentido, e estão criadas as condições para que num futuro próximo apareça uma Associação representativa de Pais e Encarregados de Educação, que seja suficiente, para bem equacionada por via local ou municipal, possa vir a ser a verdadeira representante de todos os pais e encarregados de educação.

O actual modelo existente desde os anos 70 está ultrapassado, não se adaptou às varias mudanças que ao longo dos anos se passaram na educação, (apesar de avisados), e então vive num marasmo total, sem acção, sem participação, sem poder reivindicativo, sem opinião a não ser a pessoal de um ou outro no máximo entre 2 a 5 pessoas e nada mais.

Organizem-se os Pais e Encarregados de Educação. A Escola precisa de todos e todos seremos poucos para em conjunto defendermos uma educação eficiente, formadora de jovens que serão o Portugal de amanhã.

Consultar: “OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, I
Consultar: “OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, II
Consultar: “OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, III
Consultar: “OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, IV
Consultar: “OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, V
Consultar: “OS PAIS COMO PARCEIRO NA ESCOLA, VI

A. Boleto Fonseca
2008.11.06

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5 de novembro de 2008

e-MANIFESTAÇÕES, e-PROFESSORES, e-MAGALHÃES...

Com este título não pretendo imitar o meu Amigo Fonseca... Nem sequer o saberia fazer!

O que pretendo é questionar a autoria das manifestações e dos protestos que os Professores têm levado e levarão a efeito contra algumas das políticas do Ministério da Educação e lembrar aos mais distraídos uma das vertentes de sucesso que o projecto e-Professores conseguiu...

Quanto a autoria dos protestos e acções que tem decorrido e ocorrerão nos meses que se aproximam, não tenho duvidas absolutamente nenhumas: os Professores!

Quando digo professores não estou a incluir organizações sindicais...

Já o disse para uma plateia de Professores numa reunião de um dos Sindicatos da Plataforma Comum que ninguém deveria ter ilusões sobre a verdadeira autoria da manifestação dos 100 mil... E muito menos deveriam ter ilusões sobre a verdadeira capacidade de reflexão e mobilização de ideias... Tudo isto é domínio dos Professores e dos seus blogues / sites / comentários nas noticias dos jornais on-line onde deixam as suas inquietações, as suas ideias, as suas reflexões e as suas sugestões e propostas para combater aquilo que consideram – e provavelmente será – uma injustiça e um mal para a Educação em Portugal.

O único factor que deve ser imputado aos sindicatos é a logística da deslocação, pois de outra forma não seria fácil convencer um profissional a despender mais uns euros do seu congelado salário para ir a Lisboa protestar!

Quanto ao projecto e-Professores devo assinalar que trouxe uma coisa interessante... facilitou o acesso diário a muito docentes aos blogues / sites / noticias cujo assunto é educação!!!

Poderá dizer o Sr. Primeiro Ministro, o Governo ou o Partido que o apoia, que isto é a democracia a funcionar... Mas na verdade nunca este cenário foi imaginado pelo Sr. Engenheiro nem pela máquina bem disciplinada do seu partido!

Esperará o Sr. Primeiro Ministro e a Sr.a Ministra da Educação que estes computadores não ajudem muito mais na reflexão e construção de protestos que conduzam a um resultado eleitoral menos adequado para eles...

Eu acho que vai acontecer exactamente o oposto do que eles esperam...

Uma nota final:
o que farão no futuro as crianças de hoje que se iniciam nas lides virtuais com o pequeno portátil Magalhães, que "por acaso" é usado pelos assessores do nosso Primeiro Ministro?!

Parece-me que, para já, deixarão de ler livros…

Paulo Gomes da Costa
2008.11.05

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4 de novembro de 2008

EDUCAÇÃO SEXUAL

Recentemente a Educação Sexual voltou a estar sob a atenção dos média, de muitos Pais e Encarregados de Educação, de Professores e Alunos.

Voltou temporariamente, porque a luta dos Professores contra algumas das medidas que o Ministério da Educação tem vindo a implementar afasta qualquer outro assunto da atenção de Pais, Alunos, Cidadãos e até dos Professores que, centrados nos seus problemas, aparecem não ter tempo para muitos outros temas de indiscutível interesse para os seus alunos e, em muitos casos, os seus filhos!

Voltando à Educação Sexual... A APF, Associação para o Planeamento da Família e o ICS, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, desenvolveram um estudo sobre o tema e que tem o título “A Educação sexual dos Jovens Portugueses - Conhecimentos e Fontes”.

Só tive acesso às conclusões que foram divulgadas à imprensa e que obtive no site da APF. Estarei atento para tentar obter e ler o estudo completo, que considero ser de muita importância.

As conclusões que foram apresentadas parecem-me muito sintéticas e não permitem retirar muita informação para além do que lá está escrito. Talvez o interesse de umas conclusões seja este mesmo. Mas algumas perguntas ficam por responder. Aguardo então pela oportunidade de ler o estudo completo...

Do que li realço algumas ideias, transcrevendo ao longo deste texto em itálico e na cor verde o que é dito nas conclusões. Permito-me também realizar alguns comentários a seguir ao texto que realcei.

De referir que este estudo resultou de uma pareceria entre a APF e o ICS, apoiado pelo IPJ para tratamento dos dados. O estudo teve como base as seguintes premissas:
• Estudo sobre educação sexual dos jovens escolarizados;
• Inquérito por questionário;
• Amostra de conveniência recolhida através de contactos estabelecidos entre a APF e as escolas de todas as regiões do país;
• 63 escolas secundárias: Alentejo (8); Açores (8); Algarve (6); Centro (13); Madeira (5); Norte (9); Lisboa (10);
• Uma turma do 10º Ano e outra do 12º Ano em cada escola;
• 2621 jovens inquiridos;
• Cerca de 60% do 10º ano e 40% do 12º Ano.

Sobre as conclusões saliento os seguintes temas, que considero importantes.

Conhecimentos sobre sexualidade:
Aplicámos uma escala de conhecimentos com 27 questões básicas sobre diversos aspectos da sexualidade, fecundação, contracepção e IST.
Cerca de 46% dos jovens acertaram entre 60% e 75% das respostas e 13% acertaram em mais de 75% das respostas. Cerca de 41% dos jovens errou em mais de 55% das questões.
As raparigas têm mais conhecimentos sobre sexualidade que os rapazes (56% contra 47,5%).

Temas com melhores níveis de conhecimentos: (acima de 75% acertaram)
• Função do preservativo (93%):
• Menstruação (87%):
• Desejo sexual de homens e mulheres (84%):
• Probabilidade de contágio de SIDA (83%):
• Ejaculações nocturnas (82%);
• Maturidade física na puberdade (80%);
• Sentimentos dos adolescentes (78%);
• Tratamento das IST a dois (77%);
• Risco nas relações sexuais (76%).

Temas com níveis razoáveis de conhecimentos: (entre 50% e 74%)
• Uso correcto do preservativo (74%);
• Ovulação e espermatogénese (69%);
• Masturbação nas mulheres (69%);
• Masturbação nos homens (68%);
• Puberdade nos rapazes (67%);
• Início da sexualidade (56%);
• Método contraceptivo menos eficaz (54%);
• O que é a homossexualidade (51%).

Temas com níveis insuficientes de conhecimentos (entre 25% e 49%):
• Período fértil e gravidez (49%);
• Onde podem ser adquiridos os contraceptivos (48%);
• Riscos de gravidez não desejada (47%);
• Método do calendário (42,5%);
• Pílula do dia seguinte (41%);
• Interesse dos adolescentes em actividades sexuais (32%);
• Toma da pílula (29%);
• IST (27%);
• Gonorreia (27%).

Sobre os diversos temas relacionados com educação sexual e sexualidade e perante os números divulgados, considero grave o desconhecimento sobre alguns métodos contraceptivos e muito grave o desconhecimento sobre as doenças ou infecções sexualmente transmissíveis. O valor de 27% indica a necessidade urgente de ser fomentada a divulgação de informação sobre o tema. O assunto é demasiado sério para acreditarmos que um dia alguém poderá elucidar os jovens dos perigos destas infecções.

Falar de sexualidade com pai e mãe
Uma parte importante dos jovens refere dificuldades em falar com os pais sobre sexualidade:
• 59% dos jovens afirmam nunca falar ou falar pouco com o pai (mais as raparigas – 65% que os rapazes – 50%);
• 38% dos jovens afirmam nunca falar ou falar pouco com a mãe (mais os rapazes – 48% do que as raparigas – 31%).

Para provar que a informação não pode ser deixada ao acaso, temos as percentagens de jovens que falam com os Pais sobre sexualidade. Na melhor das hipóteses 38% dos jovens não falam com os seus Pais sobre estes temas... E se for 59% então estamos perante um valor demasiado elevado! E se não é fácil inverter estes números há que arranjar alternativas, mais uma vez, para difundir informação. A escola apresenta-se como a primeira alternativa viável e com elevada possibilidade de sucesso!

Mas se os jovens não falam com os pais falam com quem? O estudo aponta os seguintes números:

Fontes de educação sobre sexualidade
Os jovens conversam mais sobre sexualidade com:
• os amigos(as) (quase entre os 50% e 70% em todos os temas);
• a mãe (à volta dos 40% em todos os temas);
• o(a) namorado (a) entre os 20% e os 30% (mais risco de gravidez, contracepção, relações amorosas, início da vida sexual);
• professores – em torno dos 30% (SIDA, IST, contracepção e violência);
• o pai só sobre alguns temas gerais – em torno dos 30% (aborto, SIDA, violência);
• com profissionais de saúde – 15 a 18% só contracepção e consultas.

Papel da escola
No 3º Ciclo

• 60% dos jovens referem ter abordado temas de educação sexual na disciplina de ciências naturais;
• 28% referem ter abordados temas de educação sexual nas áreas curriculares não disciplinares (especialmente a Formação Cívica);
• 12% dos jovens referem ter abordado temas de educação sexual em colóquios e outras actividades extra-curriculares;
• 5,5% dos jovens referem ter abordado temas de educação sexual na disciplina de educação religiosa;
• Os temas mais abordados são: mudanças pubertárias, contracepção, SIDA, IST, questões de género e risco de engravidar.
No Ensino Secundário
• 40% dos jovens referem ter abordado temas de educação sexual na disciplina de Biologia (puberdade, diferenças de género, SIDA, IST, contracepção, PDS);
• 16% dos jovens referem ter abordado temas de educação sexual em colóquios e outras actividades extra-curriculares (todos os temas);
• 8% dos jovens referem ter abordado temas de educação sexual na disciplina de Filosofia (aborto).

Prevenção da não desejada
• 80,6% falaram com o parceiro sobre modo de evitar uma gravidez;
• 95% dizem ter tomado alguma precaução para evitar uma gravidez;
• 96% destes jovens usaram o preservativo e 13% a pílula.

Prevenção das IST;
• 66% destes jovens afirmam terem também discutido a prevenção das IST;
Uso actual de contraceptivos;
• Na última relação sexual, 74% dos jovens afirmam ter usado um preservativo e 50,1% estavam a usar outro método (com ou sem preservativo);
• Dos que não usaram qualquer método contraceptivo, 29% afirmam que não usaram porque não pensaram nisso.

Gravidezes não desejadas
• Houve 16 raparigas (2,4% das raparigas sexualmente activas) que engravidaram e 11 rapazes (2,6% dos rapazes sexualmente activos) em que as parceiras engravidaram;
• 7 destas gravidezes resultaram num nascimento, 7 em aborto espontâneo e 10 em aborto provocado.

Destaco os números que dizem respeito a prevenção de uma gravidez indesejada e à prevenção das IST/DST. Nestes casos parece existir algum cuidado por parte dos jovens. Mas temo que sejam só aparências uma vez que os números apresentados são preocupantes. Mesmo que muitos jovens admitam usar preservativos, pílula ou outro método contraceptivo que os proteja das IST / DST, parece-me que o número de jovens que não usa nada ou usa algum método incorrectamente é extremamente elevado. Taxas de 5% já são elevadas...

Como exemplos que podem comprovar a gravidade da situação temos os números que do estudo que podem sugerir o número de jovens que não usam preservativos e o número de jovens que não usam qualquer método contraceptivo.

Outro número significativo são os 29% dos jovens que não usaram preservativo e admitiram que “não pensaram nisso”!

O número de gravidezes não desejadas também é significativo, assim como o número de interrupções de gravidez. Dos casos assinalados (num máximo de 27 gravidezes e num mínimo de 18) apenas uma criança nasceu. Penso que a falta de informação e apoio é manifestamente insuficiente ou mal direccionada já que parece não haver uma distribuição equitativa de situações: número equivalente de interrupções de gravidez e nascimentos.

Relações ocasionais
• 28,5% dos jovens sexualmente activos já tiveram relações com outras pessoas que não o/a namorado/a;
• 32% destes jovens mais do que 3 vezes ;
• 80% dos jovens que tiveram este tipo de relações usaram o preservativo.

Se o que estes números sugerem for uma tendência, o número de relações ocasionais fora dos parceiros habituais é preocupante.

Por fim as três últimas conclusões do estudo, que considero de muita importância para desmistificar mitos, medos e receios da introdução da Educação Sexual nas Escolas:
• O estudo sugere que a educação sexual não antecipa o início das relações sexuais e é mesmo um factor de algum adiamento
• Melhor educação sexual diminui alguns aspectos negativos na vivência das relações sexuais, proporcionando uma vivência mais gratificante das mesmas
• A educação sexual tende também a estar positivamente associada a alguns comportamentos preventivos e a uma capacidade de pedir ajuda, quando necessário

Consultar: Conclusões do estudo distribuídas à comunicação social em 16 de Outubro de 2008

Paulo Gomes da Costa
2008.11.04

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3 de novembro de 2008

HISTÓRIA INTERMINÁVEL !

A interminável e repetitiva questão dos rankings...

A questão da utilidade dos rankings não se resolverá nunca... Existe a tentação de todos os que os invocam para aproveitar o que estes têm de bom e de mau para justificar algumas ideias. Esquecem, mais uma vez, a questão central: o que trazem os rankings de bom aos Alunos e ao Ensino em Portugal?

Parece-me que esta questão não se resolverá nunca...

Pensei em falar de rankings depois de ler um comentário a uma notícia do público on-line com o título “Quase todas as escolas do básico tiveram média positiva nas provas nacionais”, feito por alguém que penso ser um adulto de hoje…

Diz o comentário, da autoria de um tal “anónimo – marialva”: “Vão aparecer por aqui “altos espíritos”, desde ambliopes a amauróticos políticos, cegos pelo ódio a Sócrates, a dizer que estes resultados são fraudulentos e resultam do facilitismo das provas de exame, esquecendo-se que, ao dizer isto, ofendem profundamente o trabalho sério e honrado dos professores e alunos. É óbvio que estes sábios exultariam de alegria se as notas fossem como no tempo em que a D. Manuela era Ministra da Educação! Isso, é que era o “real das canas”. Pobre gente...”

Pois é… Sem querer defender professores ou mesmo a D.a Manuela – que, presumo, sabem defender-se a si próprios (ou talvez não) – devo dizer que este pobre marialva esquece que os exames não são feitos pelos senhores professores que ele quer “defender” e muito menos pela mão de uma ministra seja ela a D.a Manuela ou D.a Maria...! Aos Professores está reservada a função de corrigir o que os alunos fazem, de acordo com regras definidas por outros professores – os que fazem os exames – e que condiciona – ou tenta neutralizar – a interpretação de cada uma ao ler as repostas dadas pelos alunos!

À senhora Ministra estará reservado o papel de ser responsável máxima pelo trabalho dos Professores que elaboram as provas e dos que as corrigem.

Aos professores ainda se reserva o papel de ensinar os programas definidos pelo Ministério – aos alunos que os querem aprender e a muitos outros que não querendo só atrapalham o trabalho de todos os outros.

Resumindo: os professores têm de ensinar os alunos durante o ano, enquanto o Ministério da Educação manda fazer o exame que lhes interessa fazer!

Parece-me que os resultados – os dos últimos exames e em consequência os rankings – terão mais influência do ministério do que aquela que se quer fazer crer!

Não estou a dizer que os exames deviam ser desta ou daquela maneira... Estou a chamar a atenção, mais uma vez, para a necessidade de se reflectir sobre o que se pretende dos exames nacionais. Tal como escrevi já, seria bom fazer um estudo sobre os alunos que entraram para as universidade com variantes que até ao momento todos parecem – convenientemente – esquecer!

Parece que estes exames servem, fundamentalmente, para construir rankings de utilidade duvidosa e criar distância entre alunos e as respectivas famílias que frequentam colégios “privados” - e que estão nos primeiros lugares do ranking – dos alunos que frequentam escolas públicas!

O problema é que as verdadeiras consequências de tudo isto apenas se vão sentir daqui a uns 12 anos…

Nessa altura, nenhum ranking ou exame chegará para resolver os problemas causados por muitos anos de equívocos!

Paulo Gomes da Costa
2008.11.03

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