ESTÁTICA E MOVIMENTO

10 de março de 2008

PASSADO, PRESENTE E FUTURO

O Movimento relacionado com as Associações de Pais tem hoje mais de trinta e três anos…

A sua história confunde-se com a evolução política e social do País, como não poderia deixar de ser. Afinal os Pais e Encarregados de Educação que participaram e participam na vida das Escolas que os seus educandos frequentam não são mais que cidadãos comuns que entenderam dar o seu contributo para a construção de uma Escola melhor.

Desde a época em que surgiu a ideia de fazer nascer uma Confederação Nacional de Associações de Pais até hoje muitos acontecimentos passaram, muitas reformas aconteceram, muitos ministros da Educação tomaram posse, aplicaram e defenderam as suas opções para a Educação em Portugal e muitos Pais participaram nas suas Associações de Pais e respectivas Escolas…

Estes trinta e três anos de Movimento foram, naturalmente, todos muito diferentes. Mas os anos que passaram podem ser agrupados em dois períodos distintos e que conduziram ao que hoje é a realidade.

O primeiro período tem início na formação da CONFAP até 1996/1998. Nestes anos o Movimento das Associações de Pais foi crescendo. Só isso poderia ter acontecido ou este não chegaria aos dias de hoje, mesmo com a indefinição que o está a caracterizar. A participação dos Pais era necessária (e não deixa de o ser nos dias de hoje) e o número de Associações foi crescendo. O número de Pais que participavam era significativo e poder político foi, muitas vezes, sensível às suas opiniões e das Associações de Pais. A evidência dessa participação traduzia-se pelo número de Pais e Associações presentes nos Encontros Nacionais e nas Assembleias Gerais da Confederação Nacional.

O segundo período, de 1996/1998 até hoje e está marcado pelo retrocesso da participação que vinha sendo fomentada e garantida. Em muitos aspectos a participação dos Pais e Encarregados de Educação nas Escolas e na definição de Politicas Educativas para o Ensino em Portugal tem vindo a reduzir-se ou a ser reduzida. Mais uma vez a evidencia desta ausência de participação está no número cada vez menos de Pais e Associações presentes nos Encontros Nacionais e Assembleias Gerais, em especial de 2005 para cá. A CONFAP e o poder político têm, cada um à sua maneira, contribuído para que este decréscimo se verifique.

A falta de motivação dos Pais e Encarregados de Educação para uma participação activa nas suas Associações de Pais é um dos factores para a curva descendente do Movimento, mas não podemos esquecer as alterações legislativas que se tem verificado, nomeadamente desde 1998 com a publicação do Decreto-Lei 115-A/98, também têm promovido a redução da participação dos Pais na Escola.

Desde os tempos em que os Pais participavam nos Conselhos Escolares até hoje, muito se perdeu. Não será de mais lembrar, ou elucidar, que em muitos Agrupamentos de Escolas os Pais estão representados por um único Pai no Conselho Pedagógico e outro na Assembleia de Escola… Em muitos Agrupamentos de Escolas os Pais ainda não são convocados a participar nos Conselhos de Turma Intercalares ou quando o são o horário em que estes se realizam inviabiliza a sua presença. E ainda de lembrar que se perdeu a participação nos Conselhos de Turma Disciplinares porque estes deixaram de ser convocados com a entrada em vigor do Decreto-Lei 30/2002, de 20 de Dezembro, e deixam de existir na primeira alteração a este Decreto-Lei com a publicação da Lei 3/2008, de 18 de Janeiro.

Recentemente a participação dos Pais e das suas Associações viu-se reduzida com a publicação da segunda alteração à Lei das Associações de Pais (Lei 29/2006, de 4 de Julho), o novo Estatuto do Aluno (Lei 3/2008 de 18 de Janeiro) e o novo Regime de Autonomia e Gestão das Escolas aprovado pelo Governo em Conselho de Ministros de 21 de Fevereiro de 2008. Esta legislação promove a limitação da participação das Associações de Pais na vida escolar, muito embora a CONFAP entenda, sem dizer porquê, que tal não se verifica.

E nestas recentes alterações legislativas o que é proposto aos Pais em troca da redução da participação das Associações de Pais? Apenas reafirmar a possibilidade da sua participação individual que não lhes pode (por enquanto) ser retirada. Os Pais, enquanto cidadãos com necessidade de serem clientes do sistema de ensino público, podem, naturalmente, intervir na Escola. Afasta-se assim a participação de organizações ou grupos, deixando, sem a promover, a participação dos cidadãos, certamente com menor força e influência junto das Escolas e/ou do Ministério da Educação.

O mais estranho de tudo isto – ou talvez nem tanto – é a opinião (ou falta dela) e a participação da CONFAP neste processo.

Uma das razões encontra-se no dia 9 de Março de 2003… Há cinco anos (completados ontem, domingo, dia 9 de Março) que o Sr. Albino Almeida conseguiu o lugar de Presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais. Cinco anos que serão certamente lembrados como o início do fim de muitas Associações de Pais, seja pela ausência de promoção da participação dos Pais que as Estruturas da CONFAP não realizaram, seja pelo apoio ou consentimento dado às alterações legislativas ou às reformas efectuadas na rede escolar (leia-se fecho indiscriminado de Escolas sem que as alternativas fossem uma realidade). Na verdade a Confederação nestes cinco anos não defendeu os interesses dos seus Associados, limitando-se a ajudar o Ministério de Educação, umas vezes com o silencio e outras com manifestações de apoio declarado e explicitamente obsceno.

Mesmo no ano e meio que o actual Presidente não esteve à frente dos destinos da Confederação esta soube mostrar-se digna do agora regressado (e desejado?) Presidente. Maria José Viseu, Presidente eleita em Março de 2006, não foi capaz de resistir às movimentações internas que aconteceram no seu mandato, movidas por uma maioria de elementos que em certo momento teve mesmo que se assumir como tal dentro do Conselho Executivo e que sempre teve como únicos objectivos apoiar as ideias do agora Presidente da CONFAP e algumas politicas lesivas (muitas vezes sem as perceber bem) para as Associações de Pais. Esta “maioria” que existiu no Conselho Executivo da CONFAP em 2006 está hoje quase totalmente afastada da Educação e das Associações de Pais, satisfeita e contente pelo que conseguiu, esquecendo-se ou sem saber que não souberam pensar no que a Educação em Portugal necessitava…

Para completar esta linha de tempo relativa às Associações de Pais, na próxima quarta-feira, 12 de Março, cumprem-se três anos desde a tomada de posse do XVII Governo Constitucional, liderado pelo agora Primeiro Ministro e com a actual Ministra na pasta da Educação.

E por tudo o que tem acontecido nos últimos doze anos, perdemos a maior oportunidade dos últimos trinta e três anos para conseguir que a Educação em Portugal seguisse rumos mais firmes e condizentes com as necessidades das próximas três décadas!

Lamento. Lamento pelas crianças que nos próximos trinta anos frequentarão, provavelmente, as escolas públicas em Portugal… Se calhar não precisarão de estudar muito, mas precisarão de aprender bem para que a vida lhes sorria. Haja quem os instrua e ensine, pois para os educar terão de estar presentes os Pais deles. Eu como Pai e cidadão não abdicarei de ter uma palavra a dizer.

Paulo Gomes da Costa
2008.03.10

6 de março de 2008

ÍCARO

As loas, o telemarkting, o falhanço, a desgraça, a tormenta a bem dizer...

A bem dizer.

Os zuns zuns finais de personalidades de respeito (poucas) presentes de que “aquilo”
não passou de um embuste.

Eu não estaria, caso contrario seria mais um para passar da meia ou chegar à centena, e muito menos com alguém que em meia dúzia de dias desfez o trabalho de longos anos, (melhor prova não haveria na sua última assembleia geral onde de noventa que havia na época apenas oito estiveram presentes).

Ok, já sabemos que “aquilo de cá”, não passa de um posto do poder local, a bem dizer.

Mas vamos lá aos zunszuns do “aquilo”.

A tormenta que não foi dar a quem esteve presente a inutilidade de dois dias sem presença considerável de associados, que há muito não se revê no rei do paradigma, sem reino e muito menos, quando, qual lapa adorna ao poder, fazendo campanha contra a classe que educa os nossos educandos. No mínimo deveria estar equidistante mas não. E a sustentabilidade paradigmática?

A intransigência do ministério versus reivindicação da classe de professores, a ambos diz respeito, e só a eles, e como é do conhecimento geral, ambas as partes confirmam que estas divergências não têm afectado o modus operandi de funcionamento das aulas nem prejudicado os alunos. Só o rei do paradigma, não vê e como tal lá vai dizendo barbaridade atrás de barbaridade.

Por exemplo não disse que o Ministério alterou a versão final no novo modelo de Gestão, onde no projecto inicial dizia que a presença dos pais no Conselho Geral seria num mínimo de 20%, para no final apenas dizer que também estarão presentes pais, etc. etc.

Elucidativo, mas a bem dizer está tudo bem!

A desgraça, dos 60.000 euros que se diz dos últimos dias mas que o tal responsável já estava demitido desde Janeiro, traz à ideia a vontade de, em outros anos, diversos associados e elementos dos órgãos sociais pedirem uma auditoria às contas, para logo outros não o aceitarem pela despesa que isso acarretaria. Terá sido?

O falhanço que foi a organização para a mobilização de pessoas a estarem presentes num evento que à seis anos atrás movimentava centenas e centenas de pais, mães e encarregados de educação, e que agora se resume entre a meia e a centena, a bem dizer são a nomenclatura.

O telemarkting falhou redondamente, talvez por lapso, de desconhecerem os números telefónicos, fui erradamente contactado por uma distinta voz feminina de bons modos, com voz apelativa dizendo-me da importância da minha presença (essa senhora pensaria estar a falar com outra pessoa), para que demonstrássemos ao mundo associativo que em Gondomar estamos todos do mesmo lado. Conversa vira conversa e descobre-se que até familiares directos estão ou estiveram a desenvolver o impossível. Viu-se a bem dizer!

As Loas, loas e loas, o que aconteceu naquela tarde de sábado onde uns carregados de processos nada mais conseguem fazer do que dar loas às loas, outros tal qual o rapaz da TV, espreitando agora sem cabelo, ri, ri e ri, ela imaginando-se da posse da caravela subindo o Douro e olhando uma das margens encara com alguém vinhateiro e sem cor passa a rosa e vermelho as suas desfalidas faces.

A bem dizer, quem pagou com a sua própria ambição? ÍCARO.

A. Boleto Fonseca
2008.03.03