ESTÁTICA E MOVIMENTO

14 de março de 2010

FASES… III

Mais uma notícia, desta vez no Jornal de Noticias de 13 de Março de 2010, me chamou a atenção.

O assunto não é o “bullying” mas sim a indisciplina na sala de aula.

A intenção até seria louvável se o prisma sob o qual foi analisada não tendesse para o lado do professor…

Afirmo que não estou contra os professores. Estou sim contra quem só tende a ver os problemas como se eles fossem sempre do Professor.

Como exemplos – que não são únicos – bastará pensar no número de vezes que algum jornal escreve sobre os bons alunos que estão em escolas públicas e têm como colegas de turma alunos indisciplinados e são por eles muitas vezes prejudicados, ou pensar no número de vezes que se ouve falar em indisciplina nas turmas dos colégios privados, que existe, mas é sistematicamente escondida…

Na verdade a esmagadora maioria das pessoas ligadas à Educação tende a lembrar alguns problemas, normalmente os que lhe são mais próximos, e a esquecer outros, que não lhe trazem benefícios ou incómodo. A par deste facto os quem têm mais influência na comunicação social vêm os seus problemas transcritos nas páginas dos jornais ou relatados nos telejornais ou nas grandes reportagens televisivas, de forma mais fácil e da forma que mais lhe convém. Os alunos e os encarregados de educação estarão no final dessa escala de influências.

Esclareço que não estou a falar dos alunos que causam os problemas… esses não querem saber de mais nada a não ser divertir-se e criar problemas! Por isso quanto mais anónimos ficarem, melhor… Nem falo dos Pais ou Encarregados de Educação dos alunos que causam problemas, pois esses não querem saber dos filhos para nada e recusam na esmagadora maioria das vezes responsabilidade pelos actos que eles comentem! Falo dos alunos normais, com comportamento normal, que frequentam as aulas para aprender e são muitas vezes prejudicados nessa intenção por alunos cujos objectivos passam por desestabilizar as aulas

São esses os que mais sofrem na pele as consequências da indisciplina. Não quero dizer que os professores e demais intervenientes na escola não sofram… Mas não são os alunos o único motivo para a existência da Escola?

A tal notícia do JN lembra a questão da indisciplina, na vertente do que ela é capaz de provocar nos… Professores! Esquece os alunos, entre outros protagonistas existentes nas Escolas…

Nela fala-se nos sindicatos de professores, que se limitam a fazer o seu papel, embora não seja a puxar a “brasa para a sua sardinha” que melhor defendem os interesses dos seus associados. Cá esta mais um exemplo da tentativa de mudar de “fase” a que aludi no texto com o titulo “fase II”.

Olhando para o conteúdo do artigo, nomeadamente para o que não é dito, poderíamos dizer que não interessa se os alunos se “matam à estalada” nos recreios… ou se os alunos respondem “mal e porcamente” aos auxiliares de acção educativa” seja nos corredores, seja na cantina, seja nos serviços de secretaria… Interessa é debater “a falta de condições de trabalho”! Será que se quererá dizer: falta de condições de trabalho, nos recreios???

Expliquem-me lá, com um desenho se for preciso, como é que a falta de condições de trabalho – sejam lá o que isso signifique – influencia o exercício da disciplina nas escolas, nomeadamente nas salas de aula ou nos recreios! Só se for pela ausência do aquecimento central nas salas no inverno ou ar condicionado no verão, que pode provocar stress nos alunos e professores…

Curiosos são os conselhos dados no artigo! Diria até que se aproximam bastante do ridículo, ultrapassando o conceito de bom humor que poderia também se invocado. “Contratos pedagógicos” e “acertar regras”!!!

Arre diabo!!! As regras não estarão já definidas? O aluno está lá para aprender! O professor para ensinar! O aluno tem de respeitar, incondicionalmente, o professor… partindo do principio que os professores respeitam os seus alunos! Serão necessárias mais regras???

Alunos e famílias sabem – bastará que leiam o Regulamento Interno dos Agrupamentos – as regras a cumprir dentro da escola, além das da boa educação e respeito pelos outros, que deverão ter sempre e em todo o lado!

O que significará “…adoptar uma atitude hostil perante a indisciplina é errado…”? Atitude hostil? Mas isso é opção perante a indisciplina de um aluno? A única possível e necessária é nem sequer admitir indisciplina na sala de aula…

Por causa deste tipo de artigos e conselhos é que os problemas nas salas de aula e nos espaços escolares se têm agravado! Ao tentar “chegar a acordo com os alunos para estabelecer regras…” estão apenas a permitir que os alunos se divirtam a quebrar essas regras… e os professores, para não serem hostis terão apenas de dizer: “vá lá meninos… se não se portarem bem o professor vai aborrecer-se… ou suicidar-se…”!

Paulo Gomes da Costa
2010.03.14


Nota: o artigo a que faço referência neste texto pode ser lido em:

12 de março de 2010

FASES… II

Uma notícia do jornal Público dá conta que um suicídio de um professor se deveu a problemas não resolvidos no seu local de trabalho: uma escola.

Naturalmente que foi fácil ouvir diversas declarações anónimas de professores alunos e encarregados de educação que indiciam a existência de problemas de violência dentro da escola onde leccionava o professor que se suicidou…

Estaremos já a passar da fase do “bullying” para uma nova (velha) fase? Da fase da violência dos alunos sobre alunos para a fase da violência dos alunos sobre os professores?

Já há alguns anos que se ouve falar da “violência” dos alunos sobre os professores. Bastará lembrar do mediático caso do “telemóvel” numa escola secundária do Porto.

Este tipo de violência foi até motivo para a criação de linha telefónica de ajuda aos professores: SOSProfessor, entretanto já extinta.

Mas passar da fase do “bullying” para a fase da “violência” sobre os professores é torcer um pouco o centro do problema. Até porque são problemas diferentes.

O bullying tem a ver com violência entre pares e entre um agressor mais velho e uma agredido mais jovem e, normalmente, fisicamente mais fraco… A violência dos alunos para com os professores tem a ver com a indisciplina que é permitida aos alunos dentro da sala de aula e com a incapacidade dos professores para lidar com essa indisciplina. Num grau bastante menor tem a ver também com os meios legais ao dispor das escolas e dos professores.

Recentrar o problema na indisciplina dos alunos sobre os professores a partir de um problema de “bullying” entre alunos, parece-me uma tentativa egoísta dos Sr.s Professores que teimam em querer ver apenas o seu próprio umbigo. A ser conseguida essa transferência de atenção seria voltar a ter uma fase em que os professores são o centro das atenções e os problemas dos alunos mais uma vez menorizados.

Penso que seria uma boa altura para muitos perceberem que alguns professores não têm efectivamente capacidade para se impor nas salas de aula, o que proporciona situações bastante desagradáveis para eles. E que muitas escolas não “gostam” de assumir estes problemas pensando, erradamente, que assumi-los seria um sinal de fraqueza.

Dizer que não há situações quando depois se vê que afinal até há casos a ser investigados pelas autoridades policiais ou pela comissão de protecção de crianças não é bom para a escola… Não fazer nada perante as queixas de um professor mostra cobardia em assumir a resolução dos problemas de um colega de trabalho.


Convém dizer que as escolas têm meios para resolver estas situações. Castigar de imediato os alunos e a possibilidade de mudar os horários dos professores em situações extremas… Dizer que não têm esses meios é esconderem-se dos problemas. Acontece ainda que os professores gostam de assumir publicamente estes problemas e as direcções das escolas também não se sentem “livres” para assumir atitudes que, sendo problemáticas, centram a atenção do ministério da educação e dos seus serviços – alem do interesse da comunicação social - nas suas escolas.

Por outro lado a recente hierarquização da gestão, com uma ligação muito directa ao ministério da educação – através da responsabilização directa dos directores pelo ministério – não ajuda à tomada de decisão. Os directores tendem a ver sempre “o machado sobre a sua cabeça”, aumentando a tensão e reduzindo a capacidade de decisão em casos mais delicados.

Chega de tanto medo… De Directores, de Professores e até de Pais e Encarregados de Educação! Chega do “virar as costas” aos problemas. É altura de enfrenta-los, seja na violência entre alunos, seja na manutenção da disciplina nas escolas. Meter os problemas amontoados num qualquer canto é como meter lixo num aterro sem qualquer tipo de selecção ou reciclagem!

Não cheira mal no momento mas vai trazer problemas no futuro próximo…

Paulo Gomes da Costa
2010.03.12

11 de março de 2010

FASES…

A “Educação” em Portugal deve ter algumas características similares às do crescimento das crianças, nomeadamente as vulgarmente denominadas “FASES”…

Estamos na fase do “Bullying”…

Nos últimos anos estivemos na fase da luta dos professores por um ECD melhor e por uma “avaliação de desempenho” no mínimo “diferente”, luta essa polvilhada por uns pozinhos de Estatuto do Aluno… Os alunos e tudo o que os envolve na escola tem estado algo longe de qualquer fase..

O problema é que as fases não são estanques nem deixam todas as outras características da educação em “pausa”. A educação será antes um conjunto de fases, onde em determinado momento uma delas ganhar sobressair em relação às outras. O que não deveria ser motivo para olharmos só para essa característica esquecendo as outras.

As fases no “sistema educativo” não são mais que um aspecto que ganha relevância sobre outros. O problema é que os meios de comunicação social e os “especialistas” passam uns tempos a dar atenção a essa característica como se ela fosse a única a merecer atenção e dela dependa o sucesso ou insucesso das escolas e da educação.

Hoje fala-se de “Bullying” porque, infelizmente, um caso entre muitos assumiu proporções mediáticas nos telejornais nacionais em todas as TV’s. Mas muitos acima referi, muitos outros assuntos seguem o seu percurso natural em paralelo com o “bullying”: a (in)disciplina das crianças nas salas de aula, a (in)disciplina em casa, os programas dos diferentes anos curriculares, a carga horária que as crianças têm de suportar na escola, os sistemas de avaliação de conhecimentos das crianças, os exames nacionais que elas têm de fazer, para além de todas as situações familiares envolvidas na educação de uma criança… Tudo isso não pára!

No que ao “bullying” diz respeito, as recentes políticas do Ministério da Educação têm agravado o problema. Ao aumentar o tempo de permanência das crianças nas escolas, sem criar qualquer estrutura adicional minimamente adequada que permitisse suportar o maior número de horas de cada criança na escola, aumentou a probabilidade destas situações acontecerem.

Paralelamente a este aumentar de horas de permanência da escola, muitas famílias foram “levadas a pensar” que é à escola que compete “educar” as crianças… A família servirá para… outras coisas! O facto é que muitas famílias desresponsabilizaram-se de acompanhar os filhos no dia-a-dia. E quando falo de “acompanhar” não falo de “ver” se a criança tem trabalhos escolares para fazer ou se já os fez, mas sim saber o que faz a criança na escola, nas aulas e nos tempos livres que tem, dentro e fora da escola. Muitos Pais e Encarregados de Educação, escudados atrás de argumentos que o governo usou – e que privilegiam a ideia que os Pais tem de trabalhar e por isso precisam que a escola “tome” conta das crianças – abandonaram completamente a responsabilidade de educar e acompanhar os seus filhos!

Este abandonar de responsabilidade, acompanhado pelas alterações menos adequadas ao Estatuto do Aluno e uma falta de cuidado dos professores na implementação da necessária disciplina, deixou a descoberto uma “folga” aproveitada por muitos alunos, que perceberam a possibilidade de “abusar” sem serem responsabilizadas pelos seus actos!

Mas estejam as causas do “bullying” ou da indisciplina na sala de aula dentro ou fora da escola, não podemos esquecer que as suas consequências se reflectem em primeiro lugar na escola. E se a escola pode resolver alguns desses problemas e respectivas consequências, outros há que não podem ser nunca permitidos dentro de uma escola. A indisciplina não pode ser permitida em nenhuma circunstância.

Dizer que as crianças que causam indisciplina dentro dos recintos escolares têm origem em famílias desestruturadas – ou de qualquer outro tipo - não pode ser aceite por ninguém como justificação! Nem pode existir complacência, acreditando que com a primeira desculpa virá a solução… Ao ser complacentes corremos o risco de passarmos a viver sob o signo da violência e numa selva onde a lei do fisicamente mais forte prevalece…

Não quero com isto dizer que a escola não colabore na resolução dos problemas que a afectam e que têm origem fora da escola. Mas deve ser apenas uma entidade a colaborar. Compete a muitas outras entidades liderar a sinalização dos problemas e a tentar a sua resolução.

Em qualquer dos casos a forma como se têm abordado os problemas da educação – por fases – impede ver os problemas como um todo e de pensar as soluções de forma abrangente e completa. Por outro lado a governação, ao ceder a critérios economicistas tem comprometido a melhor evolução das soluções. E isto não vai melhorar…

A que situação nos conduzirá tudo isto? Qual será a próxima fase?

No curto prazo poderá ser a Educação Sexual, problemas de ordem religiosa, o alcoolismo, ou a delinquência juvenil com reflexos imediatos no respeito pelo outro e pela propriedade alheia.

Se nada mudar… vai ser bonito vai!

Paulo Gomes da Costa
2010.03.11

8 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER
8 DE MARÇO DE 2010

São tulipas, petunias e girassóis
Rosas bancas ou simples flor
Que exalam aromas cruzados
Numa planície de amor

Teus olhos, cor de suava mar
Salgados, como ondas
Esbatidas
Nos areais

Teus lábios vermelhos, de sabor a mel
Sensuais
Mostram beleza
Que irradias ao passar

São mães dos filhos que chegam
Filhas de outras, que existem
São elas a dádiva do ser
São o futuro, dos que ainda não vivem

Teus cabelos, longos, curtos
E únicos
Entrelaçam,
Como o vento do inverno

O teu corpo, esbelto
Qual esfinge de primavera,
Caminha, caminha,
Num mundo de poder, amor e guerra

São canteiros de lírios do céu
Jardins alegres de malmequeres
Corações de sorrisos, que amamos
São tudo, são “MULHERES”.


A. Boleto Fonseca
2003.03.08